5 DE ABRIL DE 2018
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Governo, com meia-dúzia de soluções avulsas apresentadas, afasta-se cada vez mais daquilo que é o saber
científico ou empírico.
Esta aposta na aparente ilusão de prevenção está a cegar o poder político e também engana os cidadãos e
os opinion makers, que, de repente, já todos parecem que sabem como fazer para prevenir e combater os fogos
florestais e é nessa ótica que este Governo insiste.
Tem andado, dia após dia, em campanha eleitoral e insiste nesta propaganda fácil do politicamente correto,
que é independente daquilo de que o País precisa ou do que a nossa floresta precisa para crescer e para ser
melhor.
Primeiro, aqui, na Assembleia, acusou os eucaliptos pela dimensão dos fogos. Segundo, culpou os
proprietários pela má gestão dos seus terrenos, responsabilizou-os de prejudicar terceiros, duplicando as coimas
e impondo prazos absurdos. Terceiro, criou novas obrigações legais sem qualquer rigor técnico, cujo efeito é
precisamente o oposto ao pretendido.
O Governo aumentou aquilo que é a produtividade primária, isto é, Srs. Deputados, o crescimento dos matos,
tornando mais frequente a necessidade da sua gestão, consequentemente encarecendo esse trabalho e
inviabilizando a rentabilidade do território.
Srs. Deputados, cortar árvores junto das casas com distâncias patéticas e roçar mato na berma das estradas,
não, não é unicamente aquilo que se esperava da prevenção estrutural em Portugal e que o País merecia depois
do que aconteceu no ano passado.
A prevenção estrutural, ao nível da silvicultura, é muito mais do que isso, Srs. Deputados! Essa prevenção
estrutural teria funcionado se houvesse um cumprimento de procedimentos preventivos realizados nos meses
de inverno, como são o uso do fogo controlado e a constituição e preparação de equipas de sapadores florestais,
que aqui já foram faladas e anunciadas mais do que uma vez. Mas, se os senhores se lembrarem, no ano
passado o Sr. Ministro da Agricultura andou de anúncio em anúncio, até prometendo e garantindo que as
equipas de sapadores estavam no terreno em junho, mas só foram postas a funcionar em agosto, quando já
ardia metade de Portugal.
Srs. Deputados, até o recurso às podas ou às desramações inteligentes, nada disto foi opção deste Governo.
Aliás, a opção deste Governo foi sempre a de continuar fechado na sua propaganda, desprezando qualquer
conselho ou opinião da oposição.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Srs. Deputados, o Governo e a esquerda continuam a usar a floresta como uma moeda de troca política ou
como uma forma fácil de fazer propaganda e branquear os erros do combate florestal, fechando sempre os olhos
àquilo que é o verdadeiro problema da floresta em Portugal, que assenta na falta da promoção económica no
mundo rural e, acima de tudo, na necessidade que estas atividades rurais e a floresta têm de ser devidamente
valorizadas e rentabilizadas.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rocha
Andrade, do PS.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Perante uma tragédia como aquela que se abateu sobre o País no ano passado, é normal que o País se una e
comungue de um esforço coletivo, no sentido de que a tragédia não volte a repetir-se.
Creio que o País está unido nessa determinação e que a atitude do PSD e do CDS neste debate não reflete,
felizmente, o sentir e a determinação do País.
Aplausos do PS.