I SÉRIE — NÚMERO 3
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Sr. Ministro, uma última palavra sobre a questão do pré-escolar, em que reconhecemos efetivamente os
passos positivos que foram dados no que se refere ao alargamento da universalidade do pré-escolar, mas
persiste uma escassez na rede pública, na resposta pública ao pré-escolar, o que também empurra muitas
famílias para a resposta privada, elevando os custos das famílias com a educação.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Há uma resolução aprovada nesta Assembleia da República,
designadamente para o alargamento da universalidade do pré-escolar a partir dos 3 anos de idade, que resulta
também de uma proposta do PCP.
Que medidas é que o Governo vai tomar e quando as vai tomar para que, até ao fim desta Legislatura, esta
resolução seja cumprida, como é justo, para garantir a universalidade do pré-escolar a todas as crianças a partir
dos 3 anos de idade?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, não foi propriamente esconder-se, mas
que se refugiou nas respostas à direita para não responder à esquerda é bem verdade. Portanto, por favor, veja
se nos próximos 10 minutos se vira também para este lado, para responder, designadamente, às perguntas que
Os Verdes fizeram e que vou ter de reafirmar.
Uma delas é a de saber se o Governo se mantém empenhado na negociação que fez com Os Verdes
relativamente a outros Orçamentos do Estado e que combinámos continuar no próximo Orçamento do Estado,
que se prende com a criação de melhores condições de aprendizagem nas salas de aulas e, portanto, com a
redução do número de alunos. Já trabalhámos para isso no básico, é preciso continuar para o secundário, é
preciso dar respostas, no próximo Orçamento do Estado, relativamente a esta matéria.
Por outro lado, em relação ao descongelamento da progressão das carreiras, para além daquilo que eu lhe
disse na primeira parte da pergunta, veja bem, Sr. Ministro, o que é que o Governo, em termos práticos, está a
propor face à diferença entre o tempo de serviço efetivamente prestado, que os sindicatos lembram bem que é
de 9 anos e 4 meses, e o tempo que o Governo se propõe contar. Na prática, o que o Governo está a propor é
manter congeladas as carreiras no que corresponde a cerca de seis anos e meio — manter congeladas as
carreiras, no que corresponde a seis anos e meio, eternamente! Isto é de uma brutal injustiça, Sr. Ministro, e é
isto que, efetivamente, em termos práticos, o Governo está a propor! Ou seja, o Governo não está a resolver,
de facto, a injustiça que foi criada por outros Governos. É também este sentido prático que o Governo precisa
de ter sobre a injustiça que está a criar.
A outra resposta que também não foi dada aqui e que, creio, tem uma dimensão prática para afetar de tal
forma o funcionamento das escolas que o Governo precisa de lhe responder, pese embora, através da portaria,
a situação estar melhor do que estava, é relativa ao rácio de assistentes operacionais ou de auxiliares de ação
educativa nas escolas, ao número para o qual as escolas chamam a atenção, pela sua escassez. Ora, é
importante que o Governo tenha disso consciência e adapte, de facto, os recursos humanos àquelas que são
as necessidades efetivas das escolas, para lhes garantir melhor funcionamento e mais segurança.
Todos têm a ganhar com isso: alunos, familiares, professores e os próprios profissionais, que andam
desgastados por tanto que têm de fazer para responder por um número de auxiliares que não existe — são
escassos!
Portanto, Sr. Ministro, é desta realidade prática que o Governo tem de se consciencializar e relativamente à
qual tem de dar resposta. Os Verdes reafirmam aqui que tudo o que se gasta na educação para melhorar as
nossas condições de ensino não tem de ser visto como despesa, é um investimento real que o País faz, um
investimento com retorno, o que é fundamental para o nosso desenvolvimento.
Aplausos do PCP.