I SÉRIE — NÚMERO 23
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No dia 4 de maio, na discussão da Proposta de Lei n.º 123/XIII/3.ª, a mesma Presidente admitiu propostas
que alargavam a extensão de uma autorização legislativa.
Estas propostas foram aprovadas, publicadas no Diário da República e estão hoje a valer como lei.
O que isto comprova, Sr.as e Srs. Deputados, é que a atitude de ontem da Presidente da Comissão de
Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa é discricionária, limita a iniciativa dos Deputados da
Assembleia da República e impede a discussão de uma proposta como a que o PCP apresentou, para que a
redução do IVA da eletricidade abranja não apenas os portugueses que têm a potência contratada mais baixa,
tal como está na proposta do Governo, mas a maior parte dos consumidores domésticos em Portugal.
É inadmissível a atitude da Presidente da Comissão de Orçamento, ao dar cobertura à intenção do PSD de
impedir a votação da nossa proposta, e é inadmissível que a Assembleia da República e os Deputados se vejam
condicionados por uma atitude discricionária destas.
Esta situação confirma a gravidade da conclusão que é óbvia: a Sr.ª Presidente da Comissão de Orçamento,
Finanças e Modernização Administrativa não tem condições nem capacidade para exercer as funções que
exerce.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Concluo, Sr. Presidente.
Mas, pior do que isso, os portugueses não podem beneficiar de uma redução do IVA mais alargada, por
causa da atitude discricionária e inadmissível da Sr.ª Presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e
Modernização Administrativa.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, é evidente que mantenho tudo o que disse antes sobre a Presidente da
Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, bem como o reconhecimento que todos
devemos ter pelo trabalho perfeitamente exaustivo que teve, durante a reunião de ontem. Considero, aliás, que
devemos estudar uma forma de não haver reuniões que demorem 9 ou 10 horas, como aconteceu com a de
ontem.
O requerimento que apresentou será, evidentemente, votado, tal como o do Bloco de Esquerda, que será
apresentado em seguida.
Tem a palavra, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
assistimos ontem, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, a uma desautorização
do Plenário, feita por uma artimanha do PSD, que quer fugir à votação da redução do IVA da eletricidade,
abrangendo mais famílias do nosso País.
Esta fuga do PSD é para não dar a cara, porque, na prática, não quer votar a redução do IVA da eletricidade,
de modo a abranger mais famílias, e para fugir ao voto, na Casa da Democracia, usa artimanhas administrativas.
O Sr. MoisésFerreira (BE): — Muito bem!
Vozes do PSD: — Ah!
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Nós não aceitamos isso e não aceitamos que o Plenário seja
desautorizado!
A história é muito simples, Sr. Presidente: a proposta do Bloco de Esquerda entrou no dia 15 de novembro e
ninguém questionou a sua admissibilidade. Na sexta-feira passada, foram colocadas as questões pendentes,
candentes, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa e o PSD nada disse, não
colocou nenhum problema.