I SÉRIE — NÚMERO 29
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A verdade, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é que temos um Estado que é recordista em arrecadar em
impostos aos portugueses. Sim, a arrecadar impostos com as duas mãos sobre os rendimentos que dizem que
devolveram, mas só com uma.
Temos a mais alta carga fiscal de sempre. «Não são impostos diretos sobre o rendimento», diria o Sr.
Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Não, não são. Mas são diretos sobre o consumo de bens
essenciais e diretos sobre a prestação de serviços públicos essenciais que afetam os portugueses.
São, independentemente da sua natureza, o que são: custos, onerações, provações, taxas, impostos,
encargos a mais sobre os cidadãos!
E a verdade, que vos dói, é que nunca tantos pagaram tanto para receberem tão pouco em troca.
Aplausos do CDS-PP.
E bem podem, o PCP e o Bloco de Esquerda, vir fazer a habitual habilidade de fingir que não sabem, não
ouvem ou não veem, ou que são até oposição nos tempos livres quando aprovam Orçamentos do Estado, que,
hoje, naufragando de tanta consciência pesada, como bem se viu, é preciso dizer que, quase quatro anos depois,
quatro Orçamentos depois, quatro votos a favor depois, já não são só cúmplices desta política, são autores
materiais de uma política de austeridade mascarada, que põe em causa a segurança e a qualidade de vida dos
portugueses.
E bem pode ir lá, Sr. Deputado Bruno Dias, pedir desculpa aos utentes que a verdade — e, se eles sabem,
não vão gostar de ter sido enganados — é que a Câmara Municipal do Seixal critica o Governo e o senhor vota
aqui um Orçamento que tira barcos às pessoas do Seixal.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Hipocrisia tem limites! E falta de vergonha também!
Sr.as e Srs. Deputados, a história julgar-vos-á assim: como o Governo das esquerdas unidas que, na melhor
conjuntura interna e externa dos últimos 30 anos, prestou o pior serviço público aos portugueses desses últimos
30 anos.
Não querem saber, não querem ouvir, não querem ver, como ainda hoje se demonstrou. É que, realmente,
hoje ficou provado aquilo que realmente vos interessa: o poder pelo poder e a sua manutenção.
É o costume, conhecemos bem o Partido Socialista. Ficámos a conhecer melhor hoje o Bloco de Esquerda
e o PCP. Hoje, os portugueses sabem com o que contam da vossa parte. Da parte do CDS, contarão sempre
com um partido que não diz uma coisa e vota outra.
Risos do PS, do BE e do PCP.
Sabe quem é que se ri, Sr. Deputado Bruno Dias? Quem se ri é quem votou no PCP no Seixal e, hoje, vê o
Sr. Deputado a votar a favor do Orçamento do Estado que corta verbas para os barcos do Seixal! Esse ri-se,
sim, da sua hipocrisia!
Aplausos do CDS-PP.
Protestos do PCP.
Por isso, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é o Partido Socialista no seu melhor: bom a prometer e mau
a cumprir.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Concluo, Sr. Presidente.
Da nossa parte, não deixaremos que o resultado seja o mesmo que da outra vez e que o País vá outra vez
para a bancarrota.