13 DE DEZEMBRO DE 2018
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A verdade, Sr. Deputado, é que não há um argumento sólido ao longo da sua intervenção que sustente o
«colapso», como o Sr. Deputado referiu, das infraestruturas públicas. Aliás, permitam-me referir alguns dados
concretos, factuais, para demonstrar isso mesmo.
Comecemos pela questão da ferrovia, sobre a qual o Sr. Deputado tanto insistiu, e sobre a conservação da
ferrovia: num dos relatórios da Infraestruturas de Portugal, fazendo umas «contas de mercearia», entre 2013 e
2015 as verbas associadas à conservação da ferrovia pelo seu Governo foram 215 milhões de euros; entre 2016
e 2018, as verbas associadas à ferrovia pelo Governo do Partido Socialista foram 228 milhões de euros, ou seja,
mais 6% do que os senhores fizeram no mesmo período, em três anos.
Continuando a falar sobre o investimento na ferrovia, apresento mais um facto: entre 2013 e 2015, o
investimento na ferrovia, da vossa responsabilidade, foi de 276,7 milhões de euros, como está no relatório da
Infraestruturas de Portugal; entre 2016 e 2018, da responsabilidade do Governo do PS, o investimento foi de
319 milhões de euros, ou seja, mais 16% de investimento do que os senhores fizeram.
Portanto, têm de justificar a esta Casa onde está o dado relevante sobre o tal «colapso das infraestruturas»,
nomeadamente na ferrovia.
Se formos avaliar as infraestruturas no seu total e, sobretudo, a conservação das infraestruturas públicas no
seu total, no mesmo relatório é possível verificar que entre 2013 e 2015 os senhores gastaram 272 milhões de
euros e entre 2016 e 2018 foram gastos 306 milhões de euros, ou seja, mais 12,1% de investimento.
Em resumo, Sr. Deputado, não há um único argumento que sustente este debate da forma como os senhores
o apresentaram no início desta sessão.
Mas, Sr. Deputado, há argumentos que justificam o desinvestimento que os senhores fizeram em algumas
infraestruturas, ao longo do vosso mandato.
Quero só lembrar, por exemplo, ao nível da CP este gráfico que vos mostro, que é oficial, o Sr. Deputado
encontra-o em qualquer sítio, sobre a redução de efetivos que os senhores fizeram na Infraestruturas de
Portugal: em 2011, eram 2978 e, em 2015, já eram apenas 2684. Os senhores reduziram 13% dos efetivos na
CP.
Mas o Sr. Deputado falou da EMEF, na qual os senhores fizeram exatamente a mesma coisa: reduziram de
1236, em 2011, para 979, em 2015.
Pura e simplesmente, desinvestiram na ferrovia!
Portanto, Sr. Deputado, o pedido que lhe deixo é o seguinte: encontre e explique a esta Casa um argumento
sólido que demonstre essa catástrofe que o senhor apresentou neste debate.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Joel Sá, do Grupo Parlamentar do PSD, para pedir
esclarecimentos.
O Sr. Joel Sá (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, começo por felicitar o CDS e o Sr. Deputado
Hélder Amaral pelo tema e pela oportunidade que nos dá de debatermos este tema.
Pelo tom do Sr. Ministro, está mais do que demonstrada a importância deste debate. Efetivamente, este
Governo cria a ilusão aos portugueses de que tudo está bem, mas o que é facto é que as infraestruturas se
encontram em total degradação. É um Governo com muita propaganda, com muitos anúncios e pouca obra,
como ainda hoje se verificou: muita propaganda. Um Governo que é o rei das cativações, que aprova um
Orçamento do Estado que sabe que não vai cumprir e, assim, engana mais uma vez as populações.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Joel Sá (PSD): — É um Estado que falha na sua missão de garantir a proteção e a segurança de
pessoas e de bens, como sabemos, em alguns casos com consequências reais e noutros adivinham-se: os
incêndios de junho e outubro de 2017, onde morreram 115 pessoas; recentemente, a estrada em Borba; em
Tancos, desapareceram armas e munições; os hospitais estão financeiramente estrangulados, com falta de
profissionais, instalações degradadas, falta de equipamentos e, até, de macas, pondo em causa a qualidade
dos serviços de saúde prestados; as escolas estão degradadas, chove nas salas de aula, os alunos têm de levar