14 DE DEZEMBRO DE 2018
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Passamos aos Votos n.os 690/XIII/4.ª (apresentado pelo BE e subscrito por Deputados do PS) — De
saudação à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e 692/XIII/4.ª (apresentado pelo CDS-
PP, pelo PSD e pelo PS) — De saudação, em comemoração da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência.
A pedido do BE, foi pedida a atribuição de tempos a cada grupo parlamentar, daí que os votos não sejam
lidos.
Assim, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Falcato, pelo Bloco de Esquerda.
O Sr. Jorge Falcato Simões (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Passam hoje 12 anos sobre a
aprovação pelas Nações Unidas da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, um marco
histórico, que saudamos, na garantia e na promoção dos direitos humanos, uma ferramenta para assegurar que
todas as pessoas tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades.
Estamos convictos, embora com perspetivas diferentes, do apoio unânime desta Assembleia à Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Será a defesa por todos os Deputados e Deputadas dos direitos
das pessoas com deficiência expressos na Convenção a garantia de que ela será levada a sério e passe a ser
uma realidade.
Lamento dizer, mas a Convenção não está a ser respeitada em Portugal em demasiados aspetos. Não se
respeita a Convenção quando não existe uma estratégia para a deficiência que o Comité para os Direitos das
Pessoas com Deficiência das Nações Unidas recomendou que o Estado português apresentasse há mais de
dois anos e meio. Não se respeita, quando se implementam projetos-piloto a vida independente com restrições
orçamentais que significam a impossibilidade de cumprir a própria lei que os enquadra, impedindo a atribuição
do número de horas de assistência pessoal a quem legalmente teria direito a ela, ou seja, àqueles que mais
necessitam de apoio.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Jorge Falcato Simões (BE): — Não se respeita a Convenção, quando temos legislação sobre
acessibilidades que não é cumprida há 21 anos e quando não existem transportes acessíveis, exceto em alguns
grandes centros urbanos, nem quando temos de avisar com 24 horas de antecedência se queremos andar de
comboio.
Um país em que as ações de interdição ou inabilitação aumentaram 174%, entre janeiro e setembro, para
que essas pessoas pudessem aceder à PSI (prestação social para a inclusão), em que persistem políticas
institucionalizadoras que mantêm presas em lares milhares de pessoas, muitas contra a sua vontade, em que a
atribuição de produtos de apoio caiu 32% em 2017, relativamente ao ano anterior, e em que o desemprego das
pessoas com deficiência aumenta 24% em seis anos, quando, no mesmo período, se regista uma queda de
34,5% no desemprego da população em geral, não é um país em que se estejam a cumprir os direitos inscritos
na Convenção.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Jorge Falcato Simões (BE): — Não nos podemos esquecer que Portugal, ao ratificar a Convenção e
o seu protocolo adicional, está obrigado a cumpri-la. É isso que se exige de nós, Deputados e Deputadas. É
essa a exigência das pessoas com deficiência.
Espero que estejamos à altura dessa exigência.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria da Luz Rosinha, pelo Grupo
Parlamentar do PS.