I SÉRIE — NÚMERO 46
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O Sr. Miguel Santos (PSD): — A reposição da carreira dos técnicos auxiliares de saúde é matéria da
responsabilidade legislativa do Governo.
Mais, há uma especial responsabilidade política por parte do Partido Socialista e dos governos que o Partido
Socialista apoiou. Esta responsabilidade tem por base a opção política que um anterior Governo do Partido
Socialista, liderado pelo Eng.º Sócrates, assumiu quando esteve em funções, entre 2005 e 2009, e que extinguiu
a carreira dos técnicos auxiliares de ação médica.
Agora, neste momento, há uma oportunidade histórica de contrição e de reposição de uma questão de justiça.
Este ato de contrição do Partido Socialista é aquilo que os profissionais e o PSD exigem ao Governo e ao Partido
Socialista.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do
PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Cumprimentamos todos os
signatários da petição, a qual pretende a regulamentação da carreira de técnico auxiliar de saúde.
São legítimas as reivindicações dos auxiliares de ação médica. Desde 2009 que os auxiliares de ação médica
exigem a regulamentação da sua carreira, como o fizeram no passado dia 25 de janeiro, com uma grandiosa
jornada de luta.
Os auxiliares de ação médica são imprescindíveis para o acompanhamento dos doentes, para a esterilização
de material e para a higienização dos espaços, são essenciais para combater as infeções hospitalares. Pese
embora tão relevantes atividades, não têm carreira, estão integrados numa carreira generalista.
A inexistência de uma carreira decorre das alterações introduzidas em 2008, naquela que viria a ser
conhecida como a Lei 12-A/2008. Com esta legislação, destruiu-se a carreira dos auxiliares de ação médica,
como outras, o que teve apenas um propósito: destruir as carreiras e desvalorizar o trabalho e os trabalhadores
da Administração Pública.
O PCP entende que a discussão, a reposição, a alteração e a criação de novas carreiras na Administração
Pública é matéria de negociação coletiva entre as organizações representativas dos trabalhadores e o Governo.
É uma matéria que deve envolver profundamente os trabalhadores e os sindicatos.
Porém, o Governo não tem sabido corresponder às legítimas expectativas dos trabalhadores, nem tem
cumprido integralmente a negociação coletiva com as estruturas representativas dos trabalhadores.
A Assembleia da República pode e deve assinalar essa necessidade, aliás condição indispensável para o
reforço da qualidade dos serviços públicos, mas existe um espaço próprio e insubstituível, que é o da negociação
coletiva. De resto, o PCP sempre denunciou e exigiu o cumprimento desse direito constitucional.
Nesse sentido, entregou, hoje mesmo, uma iniciativa legislativa que propõe que o Governo tome todas as
diligências com vista ao profícuo desenvolvimento de processos negociais, à reposição e à criação de carreiras
na Administração Pública, incluindo a de auxiliar de ação médica.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Esta proposta pretende também que na criação das carreiras se tenha em
consideração as especificidades das funções desempenhadas nos diversos serviços, se assegure a valorização
das carreiras e dos trabalhadores, se garanta as progressões e a valorização remuneratória e se promova a
melhoria dos serviços.
Sobre a proposta do PAN, não podemos deixar de referir que não cumpre um princípio que, para nós, é muito
importante, o princípio da consulta pública, no qual as estruturas representativas dos trabalhadores podem
pronunciar-se sobre o conteúdo das mesmas.
Sobre o conteúdo concreto, temos sérias dúvidas. Somos confrontados com soluções que, pela sua
complexidade e especificidade, devem ser definidas em sede de negociação coletiva.
Aplausos do PCP.