15 DE FEVEREIRO DE 2019
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Ainda há poucos dias, fizemos a adjudicação do primeiro troço da nova linha entre Évora e Elvas, um
investimento global superior a 500 milhões de euros, o maior dos últimos 100 anos — repito, o maior dos últimos
100 anos —, que está integrado no Corredor Internacional Sul e que vai aproximar os portos principais da
fronteira com Espanha e, a partir daí, da Europa.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Isso não é verdade!
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas: — No Corredor Internacional Norte, que vai de Aveiro a
Vilar Formoso, estamos a realizar obras para abrir o troço Covilhã/Guarda, que está encerrado há mais de uma
década, e vamos modernizar a Linha da Beira Alta e propor à União Europeia a construção do troço
Aveiro/Mangualde.
Não estamos a falar de obra no papel, estamos a falar de obra que já está a ser executada, que já está no
terreno. Falamos de obra no Corredor Internacional Norte e no Corredor Internacional Sul, que são dois dos
principais projetos do Ferrovia 2020, ambos financiados e aprovados pela União Europeia e ambos a serem
construídos em estreita coordenação com Espanha, a cuja rede vão ficar ligados. Repito: tudo foi coordenado
com Espanha, do ponto de vista político, nas cimeiras, e do ponto de vista técnico, para garantir total
interoperabilidade.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Já vem de 2012!
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas: — Não se enganem, Srs. Deputados, não estamos no
século XIX! No século XIX o debate da bitola era um debate de bitola rígida. A tecnologia evoluiu, o sistema
permite mudança de bitolas, quer do ponto de vista do material circulante, quer do ponto de vista de
infraestrutura. E esta mudança é feita de forma eficiente, rápida e com custos baixos.
Mas isto só faz sentido se for em estreita articulação com Espanha. Recordem-se que Espanha tem 87% da
rede em bitola ibérica, repito, 87% da rede em bitola ibérica! E Portugal e Espanha estão inteiramente
coordenados na utilização dos corredores internacionais em travessa polivalente para permitir a migração. Ou
seja, em ambos os países, os comboios vão continuar a circular em bitola ibérica, ficando a estrutura
integralmente preparada para migrar para bitola europeia quando ambos os países, de forma coordenada, assim
o decidirem. Esta é a única forma de evitar que fiquemos, nós e Espanha, isolados do resto da Europa.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Nós, nós! A Espanha não!
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas: — Na realidade, estamos a pôr termo a décadas de
desinvestimento e de abandono da ferrovia e isto só é possível com investimento público criterioso, coordenado
com o país vizinho, Espanha, e preparar Portugal para ser um país mais coeso e com ligação plena à Europa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral, do CDS-PP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados. Sr.
Secretário de Estado das Infraestruturas, pode não parecer mas há alguma pertinência neste debate marcado
pelo Partido Social Democrata.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Deve haver!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Com amigos destes!…