I SÉRIE — NÚMERO 52
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PSD/Cavaco Silva e, depois, o Governo PS/Sócrates encerraram linhas por todo o lado, deixando estas zonas
do País e as suas populações ao abandono e à margem do desenvolvimento.
Não se estranhará, por isso, que Os Verdes continuem a reclamar e a exigir a construção do ramal de
Portalegre, a reativação da Linha do Corgo, a reabertura da Linha do Douro a Espanha, a criação de um cais
de mercadorias na Linha Sines/Caia, em Évora e na zona dos mármores.
São estas as nossas estações, são estas as nossas bitolas prioritárias e não engrossaremos o coro do
peditório da bitola europeia como prioridade. Não contem connosco porque não apanharemos esse comboio; o
nosso comboio não é o comboio dos grandes interesses privados mas, sim, o comboio do investimento na
infraestrutura ferroviária e na promoção de mais mobilidade para os passageiros e mercadorias.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Ficou
claro que, depois de uma pergunta simples feita por mim, também feita de forma um pouco mais trapalhona pelo
Partido Socialista, não sabemos se a única linha do tal maior investimento do século é para passageiros ou é
para mercadorias e passageiros.
O Sr. Secretário de Estado não me conseguiu responder a uma pergunta tão simples quanto esta: é só para
mercadorias ou é para mercadorias e passageiros? E um Governo que não consegue responder a uma pergunta
tão simples quanto esta, que é estratégica para o País, diz tudo da visão estratégica sobre essa matéria.
Volto a perguntar: não percebo por que é que Portugal vai optar por ser uma ilha ferroviária mas, mais grave
do que isso, uma ilha tecnológica, uma vez que a tecnologia, quer seja do eixo, quer seja da via, é só de Espanha
e de poucos países europeus, nomeadamente da Polónia.
Portanto, não estou a falar de todo o plano ferroviário nacional, estou a falar daquelas que são as redes
transeuropeias de transportes, as chamadas european facilities, que têm apoios comunitários. Ou seja, o
Governo tem apoios comunitários, tem a exigência da Europa, tem a Europa a fazer perguntas por que é que o
País se atrasa nestas ferrovias e tem até, nas várias medidas de internacionalização da economia portuguesa
ou na reformulação ou no grande plano de inovação dos portos, o que consta do próprio Programa do Governo,
a ligação dos portos à ferrovia.
Ora, se é só para chegar a Badajoz, por que é que está no Programa do Governo a importância das
importações/exportações, em termos ferroviários?
Então, pergunto por que é que o País não faz agora um investimento e um esforço apenas nestas duas
linhas, para passageiros e mercadorias, para comboios com percursos de mais de 750 km, como Espanha está
a fazer, reduzindo dependência e, inclusivamente, a pegada ecológica,…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, peço-lhe que termine.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … porque estas matérias custam em termos ambientais muito menos?
Gostava de perguntar por que é que não aproveitamos os portos secos, os aeroportos, a ferrovia, a rodovia,
fazendo aquilo que em Espanha já se faz, a ferroutage, que é com um só contentor, um só módulo de transporte,
intermobilidade, interoperabilidade e intramodalidade?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito obrigado, Sr. Deputado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que é verdade que o Governo tem o
plano Ferrovia 2020, são apenas RIV (renovações integrais de via), na sua grande maioria.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito obrigado, Sr. Deputado.