I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Eu não daria de barato, quando se fala em infraestruturas que têm uma
relevância para o futuro do País, que se desvalorize, porque essa desvalorização custa sempre muito dinheiro
lá para a frente. E é disso que estamos a falar.
Sr. Secretário de Estado, o Governo de que V. Ex.ª faz parte — e percebo que o Sr. Ministro não possa vir,
uma vez que já não deve ter coragem para dar a cara — dizia que o comboio Aveiro/Salamanca avança no atual
ciclo político, tal como Sines/Elvas. E destas duas linhas, só destas duas — Aveiro/Salamanca só existe no
papel e, portanto, é uma mentira no atual ciclo político, é uma miragem da qual nem vou falar —, Sines parece
existir, é o tal maior investimento do século. Portanto, já que o Governo anunciava centenas de milhões de euros
para esse ciclo político na ferrovia, com estas duas linhas faz sentido a pergunta, a ponderação, sobre se elas
são em bitola ibérica ou em bitola europeia, assim como faz sentido fazer algumas perguntas.
Desde logo, gostava de perguntar, esquecendo a linha Aveiro/Salamanca, se a linha Sines /Elvas é para
mercadorias ou é também para passageiros. Esta é a primeira pergunta para o Sr. Secretário de Estado
responder de forma clara e simples, para ficarmos a perceber exatamente do que estamos a falar.
Segunda pergunta é se é em bitola ibérica de Sines até Elvas ou é só de Elvas para Caia, ou, como diz agora,
com bitola variável e também com possibilidade de mudar de eixo o material circulante para poder adaptar?
O Sr. Secretário de Estado veio aqui dizer que está tudo concertado com Espanha, mas acontece que temos
inúmeras reuniões em que este Parlamento participa, nas cimeiras luso-espanholas,…
O Sr. Carlos Silva (PSD): — De 2012!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … e se for ver todas as decisões saídas dessas reuniões elas falam da
necessidade de adotar a bitola europeia entre os dois países. Aliás, se olharmos para o plano de fomento do
governo espanhol, para o investimento do fomento espanhol e para aquilo que já está a ser concretizado no
terreno, ao que assistimos é em bitola europeia, principalmente nas redes de mercadorias. Se for ver aquilo que
está a acontecer Plataforma Logística de Vitoria-Gasteiz, em Vitória, é exatamente um investimento feito
praticamente em bitola europeia.
Portanto, importa perguntar quanto custa, quanto tempo demora, que competitividade é que tira à economia
portuguesa fazer a transferência da bitola ibérica para a bitola europeia. Quanto custa Portugal ficar
perfeitamente dependente, apenas e só, de tecnologia espanhola, uma vez que o único país, com a exceção da
Polónia e da Rússia, que vai ter bitola ibérica com possibilidade, quer seja através do eixo ou através da via, de
fazer essa mudança é Espanha. Acha que defende o interesse público e o interesse estratégico de Portugal
ficar preso ao mercado espanhol?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Entretanto, inscreveram-se mais dois Srs. Deputados para
pedirem esclarecimentos.
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Rios de Oliveira, do Partido Social Democrata.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados,
eu trazia uma intervenção para o ministro cessante, tivemos a sorte de ter o ministro estreante, que, pelo menos,
não traz um pecado original como o anterior trazia, que era ter pertencido ao Governo de José Sócrates.
Na saída desta pasta, o Ministro Pedro Marques, o cessante Ministro Pedro Marques, deixa-nos uma pasta
vazia, vazia de investimento, que é algo que não vemos há mais de dezenas de anos a este nível, vazia de
comboios, que promete para daqui a dois governos, vazia de hospitais, vazia de infraestruturas. Em suma, o
Ministro das Infraestruturas não cumpriu o seu mandato e estamos no último ano.
Mas chegados aqui, em relação a esta questão que fique gravado que o Partido Socialista considera que a
questão da bitola não é uma questão importante para Portugal — e nós recordaremos isso —, tudo o que o Sr.
Ministro disse até agora não teve interesse nenhum, mas para nós é importante.
Sr. Secretário de Estado, eu gostava de levar daqui uma resposta clara sobre o que vai acontecer às
mercadorias e passageiros portugueses ao passarem para Espanha. Os grandes eixos ferroviários espanhóis