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I SÉRIE — NÚMERO 54

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O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo,

Sr. Primeiro-Ministro, o CDS apresenta-nos aqui uma moção de censura que tem por título Recuperar o futuro.

Ora, uma das vantagens de já estarmos no fim da Legislatura é que sabemos, pelas votações e pelas

posições que o CDS e o PSD têm assumido ao longo da Legislatura, qual era o futuro que o CDS e o PSD

queriam para os portugueses. Por isso, estamos todos muito à vontade, nesta bancada, para dizermos que não,

nós não queremos recuperar esse futuro!

Aplausos do PS e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.

É que, Sr. Primeiro-Ministro, esse seria um futuro em que não tinham acontecido, ou não tinham acontecido

quando aconteceram, as eliminações dos cortes salariais, o descongelamento das progressões nas carreiras, a

retoma do horário de trabalho de 35 horas na Administração Pública, a redução do IRS, a eliminação da

sobretaxa ou o conjunto de políticas que permitiu que fossem criados mais de 300 000 empregos, que a taxa de

desemprego descesse para metade e também, um número que me é particularmente caro, que tivessem saído

da pobreza cerca de 300 000 portugueses, tendo-se registado a maior redução da taxa de risco de pobreza em

toda a zona euro logo nos dois primeiros anos desta Legislatura.

Aplausos do PS.

Sr. Primeiro-Ministro, ouvi ontem alguém do CDS, creio mesmo que a líder, dizer que a intenção do CDS era

libertar o País destas «amarras socialistas».

Sr. Primeiro-Ministro, com estes números que acabei de referir, com estes resultados, devo dizer-lhe que eu,

pelo menos, gosto destas «amarras socialistas».

Aplausos do PS.

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E quem somos nós para criticar?!

O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sobretudo, Sr. Primeiro-Ministro, quanto à redução da pobreza,

gosto destas «amarras socialistas», porque são aquelas amarras que significam que, quando o País progride,

não atiramos centenas de milhares de portugueses pela borda fora. É isso que são essas «amarras socialistas».

Aplausos do PS.

Sr. Primeiro-Ministro, deixo duas questões muito rápidas, sendo uma sobre a despesa pública.

Há uma frase, na moção de censura, a de que as cativações que se transformam em cortes, que é ilustrativa

da despreocupação com que o CDS, normalmente, trata a verdade.

O Sr. Filipe Neto Brandão (PS):— Iliteracia!

O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Vamos lá ver: numa definição aceitável para todos, corte na

despesa é quando o montante da despesa desce. Uma cativação na despesa é o que se tem feito ao longo

deste Governo, quando a despesa prevista sobe e se pretende controlar o ritmo da subida dessa despesa.

Ora, Sr. Primeiro-Ministro, poderá confirmar duas coisas: a primeira é que, em setores fundamentais como o

social ou o da saúde, a despesa subiu; e a segunda — creio que poderá concordar comigo — é quando digo

que subir é o contrário de descer.

Risos e aplausos do PS.

Sr. Primeiro-Ministro, deixo uma segunda e última questão.

Temos assistido a um conjunto de reivindicações laborais de vários setores da Administração Pública, que

serão mais ou menos justas, que serão, certamente, legítimas do ponto de vista do esforço e do desejo de cada