8 DE MARÇO DE 2019
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Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
Aquilo que recusámos foi uma garantia, porque essa garantia implicava uma responsabilidade ilimitada sobre
o que seria encontrado naquele banco. Por isso, limitámos o montante máximo do capital contingente.
O capital contingente tem esse limite, é concedido sob a forma de empréstimo do Estado ao Fundo de
Resolução, que é uma entidade pública, e será pago em 30 anos por todo o sistema bancário, através das suas
contribuições anuais. É, por isso, dinheiro que foi avançado, para evitar ou a liquidação do banco ou mais um
falhanço na venda do banco — como a que tinha sido anteriormente tentada —, que iria conduzir,
inevitavelmente, à liquidação ou à nacionalização.
Com a liquidação, teríamos depósitos em risco, postos de trabalho em risco, estabilidade do sistema
financeiro em risco. Com a nacionalização, teríamos, pelo menos, um risco ilimitado da parte do Estado quanto
às necessidades financeiras do Novo Banco. O risco nunca seria limitado aos 3800 milhões de euros, seria a
tudo o que viesse a ser necessário para assegurar a solvabilidade do banco. E, mais ainda, não seria sob a
forma de um empréstimo recuperável a 30 anos, seria a fundo perdido e para sempre.
Foi esse risco que não quisemos e foi por isso que limitámos o risco que foi gerado pela resolução do banco
em 2014.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, ainda, a palavra, o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, péssima foi a forma como o processo de
venda aconteceu e a forma subsequente.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Isso é que parece que se está a revelar uma situação péssima, Sr. Primeiro-
Ministro. Uma verdadeira alhada e, verdadeiramente, uma situação em que, afinal, a vossa previsão está a sair
francamente dececionante para todos.
Aliás, torno a citar o Sr. Ministro das Finanças, que dizia em relação ao Novo Banco: «A solução que
encontrámos foi difícil, mas tem uma virtude muito grande: tem limites e previsibilidade muito claros sobre os
impactos financeiros».
Sr. Primeiro-Ministro, esta previsibilidade traduz-se no seguinte: passados menos de dois anos depois da
venda, já foi gasta metade da verba disponível pelo capital contingente. A minha pergunta é se isto vai ter um
limite, a tal previsibilidade de que falava o Sr. Ministro das Finanças. Vai mesmo? O Sr. Primeiro-Ministro tem a
possibilidade de garantir aos portugueses que há mesmo um limite para este capital contingente do Fundo de
Resolução?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Adão Silva, a previsibilidade é garantida pelo
montante máximo. Por isso, o Sr. Deputado diz «já consumiram metade», o que significa que não poderão
consumir mais do que a outra metade, é esse o limite. Em segundo lugar, está sujeito a um limite anual de 850
milhões de euros e a melhor demonstração da vantagem da previsibilidade é que, não obstante os resultados e
a solicitação agora feita, não vamos ter necessidade nem de um orçamento retificativo para aumentar a despesa,
nem vamos incumprir os limites da dívida a que nos propusemos para este ano, nem vamos aumentar o défice
relativamente ao que nos propusemos para este ano, nem vamos ter de aumentar os impostos para pagar isto.
Ou seja, porque era previsível e, portanto, não era uma situação descontrolada.