11 DE ABRIL DE 2019 43
Recusamos a ideia de que este processo está fechado e acreditamos que é possível construir um
regulamento da avaliação do mérito justo, equitativo e equilibrado, que permita contribuir para a coesão interna,
elemento estruturante e essencial para o cumprimento das missões que competem às Forças Armadas nos
termos da Constituição.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para apresentar o projeto de resolução do Bloco de Esquerda,
tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No dia 1 de janeiro de 2018,
entrou em vigor o Regulamento da Avaliação do Mérito dos Militares das Forças Armadas, que veio definir o
Sistema de Avaliação do Mérito dos Militares das Forças Armadas e estabelecer as instruções para a sua
execução.
A aplicação deste Regulamento lançou um forte desconforto no seio das Forças Armadas, o que motivou a
apresentação da petição à Assembleia da República que agora estamos a discutir.
Queria, por isso mesmo, e em primeiro lugar, saudar os peticionários e a Associação Nacional de Sargentos
que assumiu esta tarefa de cidadania. O Bloco de Esquerda não desperdiçou o vosso esforço e acompanhamos
as vossas pretensões.
Afirmam os peticionários que o Regulamento da Avaliação coloca em causa a coesão das Forças Armadas.
Essa afirmação não é vazia ou meramente teórica, resulta da aplicação de critérios que carregam uma forte
carga de subjetividade e, por isso mesmo, uma potencial injustiça. Aliás, os peticionários fazem uma afirmação
que é da maior gravidade. Dizem que os critérios do Regulamento da Avaliação podem ferir o «princípio
constitucional da igualdade». Mereceu, por isso mesmo, toda a atenção por parte do Bloco de Esquerda.
Os casos concretos que têm sido apontados reforçam esta ideia de injustiça, em particular na lista de
sargentos avaliados. O grande peso dos louvores dados por entidades não militares, como, por exemplo, o
Presidente da República ou o Ministro da Defesa, configuram possibilidades de alterar o ordenamento das listas
de avaliações por critérios meramente de alinhamento político ou como recompensa de funções que nada têm
a ver com o estatuto militar.
Por outro lado, é atribuído um maior poder arbitrário aos chefes de Estado-Maior e há um maior número de
promoções efetuadas por escolha, sendo também este um fator prejudicial ao pleno e íntegro desenvolvimento
das carreiras militares.
Sr.as e Srs. Deputados, o Regulamento da Avaliação do Mérito dos Militares das Forças Armadas foi criado
com a intenção de garantir que a «avaliação do militar na efetividade de serviço visa apreciar o mérito do militar,
assegurando o desenvolvimento na carreira respetiva, fundamentado na demonstração da capacidade militar e
da competência técnica para o exercício de funções para as quais é exigível um nível de responsabilidade
especialmente elevado». Contudo, como expus anteriormente e como os peticionários defendem, a
implementação do Regulamento da Avaliação acabou por se revelar incompatível com uma saudável condição
militar, levando à sua descaraterização e adulteração.
Por isso mesmo, o Bloco de Esquerda propõe a suspensão da eficácia do Regulamento da Avaliação do
Mérito dos Militares das Forças Armadas e o início de um processo de auscultação às associações
socioprofissionais representativas e às chefias dos diversos ramos, para garantir a criação de um justo e digno
estatuto de avaliação no seio militar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, também para uma intervenção, o Sr.
Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria, em primeiro lugar,
e em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», saudar os milhares de subscritores desta
importante petição que agora estamos a discutir, saudação, esta, que queremos também estender à Associação