I SÉRIE — NÚMERO 77
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Pelo contrário, ao invés de ser resultado do aumento da idade e da redução das pensões a pagamento, o
aumento da sustentabilidade da segurança social pública foi conseguido através da reposição de direitos, com
o incremento da proteção social na velhice.
Ao longo destes anos, repusemos os cortes que tinham sido aplicados e, ao mesmo tempo, a proteção social
foi reforçada de três formas distintas: primeiro, através do aumento das pensões acima da inflação em três anos
consecutivos; em segundo lugar, através dos aumentos extraordinários das pensões mais baixas nos últimos
dois anos; e, em terceiro lugar, através do alargamento das condições de acesso à reforma das pessoas com
muito longas carreiras contributivas.
É assim que temos vindo, de modo justo, a reforçar a sustentabilidade da segurança social, mas também a
melhorar a condição de vida dos nossos pensionistas.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo não se coloca numa posição de imobilismo, porque não
ignora — e ninguém pode ignorar! — o desafio demográfico nem os desafios económicos e sociais que
interpelam a segurança social.
Para reforçar a sustentabilidade do sistema da segurança social, diversificámos as fontes de financiamento
do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. Em primeiro lugar, com a consignação das receitas
do adicional do IMI ao Fundo de Estabilização, desde 2017; em segundo lugar, pela consignação parcial das
receitas do IRC, de forma faseada, a 0,5 pontos percentuais por ano, até estabilizar, em 2021, nos 2 pontos
percentuais por ano de transferências do IRC para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social.
Assim, até 2021, ano em que atingiremos os 2 pontos percentuais de IRC, o Fundo de Estabilização
Financeira da Segurança Social será reforçado em mais 1000 milhões de euros, decorrentes da diversificação
das fontes de financiamento que iniciámos em 2017.
Aplausos do PS.
Por outro lado, investimos num modelo de desenvolvimento centrado na inovação, essencial à melhoria da
produtividade das empresas e da competitividade da economia, condição fundamental da sustentabilidade a
longo prazo da nossa segurança social.
A valorização do ensino profissional, o programa Qualifica — que, nos últimos dois anos, já assegurou a
educação de adultos e a formação ao longo da vida a mais de 315 000 portugueses —, o reforço dos recursos
para investigação e desenvolvimento, o programa Interface, que facilita a transferência de conhecimento das
universidades e politécnicos para o tecido empresarial com a criação de laboratórios colaborativos, centros
tecnológicos e emprego científico, a iniciativa Indústria 4.0 ou o programa StartUP Portugal representam uma
estratégia integrada de melhoria sustentada da produtividade das nossas empresas, da nossa economia, ou
seja, a sustentabilidade duradoura da segurança social num novo quadro demográfico.
Aplausos do PS.
Contudo, sabemos bem que o desafio demográfico que vivemos cria mesmo uma pressão sobre os sistemas
de segurança social, e essa consciência está na base de um conjunto de medidas que tomámos.
Em primeiro lugar, para garantir que cada família possa ter os filhos que quer, prosseguindo a política de
rendimentos, em particular, com o reforço do abono de família, que, entre 2016 e 2019, aumentou entre 1127 €
e 1300 € por ano para 70 000 famílias com crianças até aos 3 anos, mas também combatendo a precariedade
laboral e habitacional.
Mais e melhor emprego também quer dizer mais igualdade e melhor conciliação entre trabalho, vida pessoal
e vida familiar. Por isso, lançámos o Programa 3 em Linha, um programa de ação para a conciliação, e
desafiámos os parceiros sociais para um entendimento estratégico sobre este tema, que já está em debate em
sede de concertação social.
Aplausos do PS.