I SÉRIE — NÚMERO 81
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, em primeiro lugar, quando se refere a um acordo,
refere-se, seguramente, só a documentos de trabalho que foram trocados.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Ah!
Protestos do BE.
O Sr. Primeiro-Ministro: — No próprio dia em que alguns dos Srs. Deputados anunciaram a existência do
acordo, o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares esclareceu que não havia qualquer acordo.
Aplausos do PS.
Em segundo lugar, não confundamos a existência de convenções, onde, aliás, as propostas do Bloco de
Esquerda e do Governo são idênticas, com aquilo que disse relativamente à gestão.
Quanto às convenções, aquilo que o Governo tem vindo a fazer, no quadro do reforço do investimento no
Serviço Nacional de Saúde, é a criar condições para o Serviço Nacional de Saúde estar menos dependente do
setor privado. Recentemente, inaugurei um equipamento em Vila Real, um outro em São José, vários outros em
vários outros pontos do País para reforçar a capacidade interna do Serviço Nacional de Saúde. Assim iremos
fazendo, tal como fizemos com os contratos de associação no setor escolar.
No que diz respeito às PPP, aquilo que o PS apresentou, do seu ponto de vista, não é qualquer recuo, é,
aliás, um avanço, porque a proposta de lei que o Governo apresentou dizia simplesmente que a gestão, sendo
pública, podia ser contratualizada quer com o setor social, quer com o setor privado, e a proposta que o PS
apresenta veio densificar, dizendo que o contrato tinha de ter natureza pública e sublinhando, portanto, a
natureza pública da gestão, ainda que não fosse diretamente assumida pelo Estado e viesse a ser
contratualizada.
É possível mais densificação?! É! Contudo, Sr.ª Deputada, não confunda a árvore com a floresta. O que é
fundamental é o que consta da proposta de lei de bases do Governo, que também coincide com os projetos de
lei do Bloco de Esquerda, do PCP e do Partido Ecologista «Os Verdes», que é muito simples: acabar com a Lei
de Bases de 1990, acabar com o princípio da concorrencialidade…
Aplausos do PS.
… e estabelecer que o Serviço Nacional de Saúde é público, universal e tendencialmente gratuito, sem
prejuízo da natureza complementar e supletiva do trabalho do setor social e do setor privado.
É isso que é o essencial e é nisso que nos devemos focar, se não quisermos desperdiçar a oportunidade de
concretizar, nesta Legislatura, um avanço significativo que honre o Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Afinal, não havia acordo!
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro tem toda a razão, quando diz que a
proposta do Bloco é convergente com a proposta do Governo. O Sr. Primeiro-Ministro parece é desconhecer a
proposta do Partido Socialista.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Exatamente!