I SÉRIE — NÚMERO 82
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A responsabilidade é certamente dos sucessivos Governos que transformaram a Linha do Alentejo, uma
importante ligação ferroviária para o desenvolvimento não só do distrito de Beja mas também do País, num
ramal de ligação entre Casa Branca e Beja, com sucessivas limitações à mobilidade das populações, visando
acima de tudo — e é importante que isto seja dito — o encerramento definitivo da ligação ferroviária no distrito
de Beja. Esta foi a finalidade dos sucessivos Governos, para a qual este Governo também tem contribuído.
Querem agora também transformar a ligação da Linha do Alentejo à Linha do Leste, ou seja, a ligação de
Évora a Elvas, num autêntico corredor, sem a concretização da solução técnica com três cais, o que permitiria
a carga e a descarga de mercadorias e também o transporte de passageiros em Vendas Novas, em Évora e
também na designada «região dos mármores». Em vez disto, preferem que as populações fiquem a ver passar
os comboios.
O PCP tem alertado para a necessidade de investimento na ligação ferroviária ao distrito de Beja e no
Alentejo.
Diga-nos, então, Sr. Deputado Carlos Pereira, se, tal como o Governo, defende também a redução acelerada
do défice, em detrimento do investimento público, necessário para o desenvolvimento regional e para o combate
ao despovoamento.
Diga-nos, então, Sr. Deputado, se têm ou não razão os alentejanos para se sentirem completamente
abandonados por este Governo e pelo anterior Ministro das Infraestruturas, que virou completamente as costas
a tudo o que é mobilidade no Baixo Alentejo.
Diga-nos se, face à baixa execução do Ferrovia 2020, ainda pode ser aproveitada esta verba para investir
na modernização da ligação entre Casa Branca, Beja e Funcheira.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, começo por agradecer as questões que me foram colocadas.
Vou responder, em primeiro lugar, ao Sr. Deputado Virgílio Macedo, dizendo o seguinte: depois de o PSD ter
contribuído para «pregar um prego» de 800 milhões de euros, por ano, na capacidade orçamental do País da
forma a que todo o País assistiu, parece-me um pouco exagerado e até um desplante muito grande falar nesta
Assembleia em opções e em responsabilidades por parte do Governo e do Partido Socialista.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Foi da vossa responsabilidade! Cativaram tudo!
O Sr. Carlos Pereira (PS): — De qualquer forma, gostaria de dizer o seguinte: todos nós acompanhámos a
audição do Sr. Ministro das Infraestruturas e parece-me que todos os partidos presentes ficaram satisfeitos com
o realismo político que foi introduzido na discussão de um assunto tão importante como o do Ferrovia 2020.
Essa satisfação ficou clara nas intervenções de todos, incluindo nas do Partido Social Democrata.
E gostaria de dizer ao Sr. Deputado Virgílio Macedo que uma declaração de que o Ferrovia 2020 está com
uma execução de 40%, conforme foi demonstrado pelo ex-Ministro Pedro Marques, não é incompatível com
uma declaração de que o Ferrovia 2020 está atrasado.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — São mentiras diferentes!
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Até porque, Sr. Deputado, se o Ferrovia 2020 termina em 2020, com uma
execução de 40%, parece-me facilmente demonstrável que essa declaração não é incompatível.
Protestos do Deputado do PSD Fernando Virgílio Macedo.
Portanto, este realismo político que foi introduzido é absolutamente essencial para que o processo de apoio
ao investimento no Ferrovia 2020 continue como está e seja colocado como prioridade pelo Governo.
Relativamente à questão da Sr.ª Deputada Maria Manuel Rola, do Bloco de Esquerda, queria dizer, conforme
referi na minha intervenção, que o Governo do Partido Socialista colocou no centro das suas prioridades o