4 DE MAIO DE 2019
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Portanto, o enigma está exatamente na vossa desorientação estratégica, mas não nos surpreendemos, na
medida em que os senhores são useiros e vezeiros em tentar enganar os portugueses. Num dia, desmarcam-
se do Governo, defendendo mais investimento público em ferrovia, no dia seguinte, apoiam o Governo e votam
os principais documentos estratégicos,…
Protestos da Deputada do PS Joana Lima.
… que retiram a possibilidade de se investir na ferrovia, apoiando cativações como nunca antes vistas.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Num dia, apoiam os utentes, que veem transportes públicos serem
constantemente suprimidos, no dia seguinte, votam disciplinadamente a favor do Orçamento do Estado, que
estabelece recordes máximos de cortes no investimento público.
Aplausos do PSD.
Mas vamos ao que interessa.
O que interessa aos portugueses é perceber quais foram as verdadeiras razões pelas quais chegámos a esta
situação de caos na ferrovia. Sim, caos! Prova disto é o facto de as empresas públicas de transporte garantirem,
em 2015 — vejam, em 2015! — melhor serviço público do que hoje em dia. Os indicadores de qualidade de
serviços estão aí e não enganam!
O atual Governo, com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP, que encontrou em 2016 um quadro de
finanças públicas sustentáveis, é responsável por uma atuação desastrosa que levou à paralisia da mobilidade
ferroviária.
É chegada, pois, a hora de os portugueses pedirem contas ao Governo e aos partidos que o apoiaram quanto
à sua inação. Senão, vejamos a linha do tempo deste Governo, apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP.
Voltemos a 2016, quando acusavam, em coro, o anterior Governo de não ter deixado projetos na gaveta.
Afinal, estava lá o programa PETI 3+. Rapidamente, o Governo fez pequenos ajustamentos, apoderou-se dele,
como se fosse seu pai, e apelidou-o pomposamente de Ferrovia 2020.
Protestos da Deputada do PS Joana Lima.
Desse programa, quantas obras estão concluídas, Srs. Deputados?! Zero! Quantas foram iniciadas? Poucas!
Qual é a taxa de execução? É de 9%! O Governo está obrigado a explicar este programa, e isto é demasiado
mau para ser verdade.
O Ministro Pedro Marques chegou a anunciar — diria, a mentir! — no Parlamento que tinha, em obra, 300
km de vias. Estamos em 2019, praticamente no final do programa, e o que temos são 10 km de via eletrificada
na Linha do Minho.
Protestos dos Deputados do BE Heitor de Sousa e Jorge Costa.
Não têm obra, mas publicidade têm muita!
Em 2017, a anterior administração da CP apresentou ao Ministro Pedro Marques um plano para aquisição e
modernização dos comboios. O que fez o Ministro Pedro Marques relativamente a este plano de 2017?! Nada.
Meteu-o na gaveta.
Em 2018, ano máximo das cativações e recordes históricos de desinvestimento público, chegaram ao cúmulo
de o investimento, em dois anos consecutivos, ser inferior ao investimento público de 2015, último ano do
Governo de Passos Coelho.
Protestos dos Deputados do BE Heitor de Sousa e Jorge Costa.