10 DE MAIO DE 2019
35
Bloco de Esquerda. Esse defeito relacionava-se com o facto de a proposta de lei de 2007, apresentada pelo
Ministro Severiano Teixeira, não prever exatamente a criação de um fundo que gerisse todo o património das
Forças Armadas.
O mecanismo encontrado era «coxo» e, posteriormente, as tais lições aprendidas de que falou a Sr.ª
Secretária de Estado demonstraram que a nossa crítica tinha razão de ser, pois a gestão do património que
aconteceu não foi a que era desejada por todos, primeiro, pelo Governo do Partido Socialista, depois, pelo
Governo de coligação e, agora, pelo atual Governo.
Porém, tão ou mais importante do que isto, para nos apercebermos do alcance desta lei, é o quadro que
surge em anexo, com as previsões de despesa, na medida em que também é importante, em termos de
transparência, sabermos exatamente como é que o produto da tal gestão do património será aplicado nos vários
projetos, na próxima década, ou seja, onde é que o fundo da gestão destes recursos é aplicado, depois, nas
Forças Armadas. Deste modo, é necessária uma eficaz e permanente rentabilização deste património
imobiliário.
Outro aspeto que também temos de explicar bem às pessoas é que esta lei não onera, em nada, o Orçamento
do Estado. Isto é, esta lei é financiada pelo próprio produto da sua receita e não convém estar a dizer que
estamos a tirar dinheiro à saúde ou à educação, porque não estamos. Esta lei é financiada pelo produto e pelas
receitas da própria gestão do seu património.
Portanto, esta lei é neutra em relação a isso. E, sim, o produto da rentabilização do património das Forças
Armadas deve ser investido nas Forças Armadas, mau seria se fosse investido noutra área! Este investimento
tem de ficar nas Forças Armadas, que necessitam, e muito, dele; aliás, como bem sabemos e temos
acompanhado na Comissão de Defesa, visitando todo o País e as ilhas, precisamos desse investimento em
muitas unidades militares.
Sr. Ministro, em relação às lições aprendidas que foram referidas pela Sr.ª Secretária de Estado, pergunto
se, de facto, nesta proposta de lei, o Governo aprendeu bem com elas.
Uma das perguntas a que a Sr.ª Secretária de Estado não respondeu tinha a ver com a avaliação do
património, que é feita pelo Ministério das Finanças, mas deveria ser pelo Ministério da Defesa, para garantir
maior agilidade e rapidez. Será que isto foi pensado ou discutido? Porque é que isto não aconteceu na alteração
da lei?
A segunda tem a ver com as cativações. É verdade, Sr.ª Secretária de Estado, que esta lei não tem
cativações, mas também, como disse o meu colega Joaquim Raposo, a execução da lei, nestes últimos anos,
sobretudo em 2016, foi de 100 000 € e, em 2017, foi de 3,9 milhões de euros.
Portanto, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado e Colegas do Partido Socialista, também era preciso que o
Ministério das Finanças, ou o Governo, tivesse muito descaramento para fazer as cativações com um produto
com uma execução tão fraca e tão limitada.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não era impossível!
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Sr. Ministro e Sr.ª Secretária de Estado, alerto para aquilo que já referi em
relação à Lei de Programação Militar: bem podem proclamar e dizer n vezes que não há cativações nestas duas
leis, mas a Lei de Programação Militar sem cativações nunca foi executada em mais de 90% por este Governo.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — A culpa é de quem? Não é só do Governo!
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Aliás, o relatório de 2018, que foi entregue pelo Governo à Assembleia da
República, tem uma execução de 84%, inferior à de 2017, mesmo sem cativações, porque existe um truque por
parte do Ministério das Finanças, que se chama «retenção das verbas disponíveis». Ou seja, não é cativação,
não é referida na lei de enquadramento orçamental, mas, depois, vão sendo retidas as verbas e, a partir daí,
obviamente, são cativações encapotadas.
Portanto, Sr. Ministro, espero e aguardo que, de facto, a execução desta lei permita a utilização efetiva destes
mesmos mecanismos da lei.
Estou a estender-me um bocado no tempo, Sr. Ministro, mas ainda queria falar sobre a aprovação desta lei.