I SÉRIE — NÚMERO 84
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O investimento para o período de 2019-2030 distribui-se por medidas que correspondem a cada uma das
entidades do Ministério da Defesa Nacional, tendo em conta o seu estado de vetustez e criticidade de atuação.
O valor mais significativo é o do Exército, seguindo-se, por ordem decrescente, a Marinha, a Força Aérea, o
Estado-Maior General das Forças Armadas e os serviços centrais do Ministério da Defesa Nacional.
No conjunto do investimento destacam-se os projetos ligados à segurança e vigilância de unidades militares,
num montante 42 milhões de euros para 2019-2030, remodelação de alojamento das unidades militares,
importante para a atratividade das Forças Armadas e contribuindo para a melhoria do recrutamento, e a
ampliação, remodelação e expansão das instalações dos serviços do Hospital das Forças Armadas.
Esta é, pois, uma proposta de lei estruturante para a defesa nacional e para o cumprimento das suas missões.
É uma proposta que adapta a gestão do património do Estado afeto à defesa nacional às necessidades
identificadas, e que apresenta soluções sustentáveis.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José de Matos Correia.
O Sr. Presidente: — A Mesa regista três inscrições para pedidos de esclarecimento ao Governo e gostaria
de saber como pretendem responder, se individualmente ou em conjunto.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Então, para pedir esclarecimentos, tem a palavra, em primeiro
lugar, o Sr. Deputado João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda.
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, Srs. Secretários de
Estado, a nova proposta de lei que o Governo aqui apresenta, sobre as infraestruturas militares das Forças
Armadas para a próxima década, continua a assentar em premissas erradas, à semelhança das leis anteriores.
São valores previstos muito avultados, quase 300 milhões de euros, considerando os critérios e os objetivos
pretendidos, em que se procuram adaptar, em parte, as infraestruturas militares a forças expedicionárias para
atuar em missões externas ao serviço da NATO e de outras organizações.
São valores muito avultados, quando o Governo falha no investimento, quando tem deixado à míngua o SNS
e outros serviços públicos, quando a ferrovia se encontra numa lástima!
Naturalmente que é preciso modernizar e adaptar as infraestruturas e o parque imobiliário das Forças
Armadas às profundas transformações que estas têm vindo a sofrer nos últimos anos. É preciso cuidar dessas
infraestruturas de forma mais adequada, pois são património público.
Sr. Ministro, é preciso saber como se aliena o património e como se vão gastar as verbas que daí resultam.
Por exemplo, qual é o património a alienar e quais os critérios utilizados?
Parte do património histórico construído das Forças Armadas vai ser posto à venda em roda livre. Vai haver
escrutínio público do que é escolhido para ser vendido?! Parece que não.
Por outro lado, outras medidas previstas para a rentabilização dos imóveis afetos à despesa passam por
usos privativos do domínio público, pelas parcerias com promotores privados e pela afetação dos ativos
imobiliários, através da criação de fundos de investimento imobiliário.
Sr. Ministro, o Ministério da Defesa vai agora transformar-se num agente zeloso ao serviço da especulação
imobiliária, à boa maneira dos tempos do Governo PSD/CDS, às ordens da troica estrangeira?!
Usos privativos do domínio público, o que significa isto, Sr. Ministro?!
Vai agora o Ministério da Defesa multiplicar as PPP (parcerias público-privadas) com agentes imobiliários?!
Não é nada uma boa ideia, considerando as tristes experiências das PPP na saúde, nas vias rodoviárias e
noutros setores. Serão lucros privados garantidos, à custa do património público militar.
Sr. Ministro, uma outra situação que carece de cabal explicação é a atribuição de usos privativos do espaço
aéreo e do subsolo que correspondem aos bens imóveis do domínio público militar. Será isto concebível?!
Por outro lado, não está claro na proposta de lei quem vai avaliar e fiscalizar a gestão do património de
grande valia, os preços praticados e as condições contratuais. As operações de rentabilização do imobiliário da