31 DE MAIO DE 2019
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O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem dito!
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Portanto, cumpre-me perguntar, Sr.ª Ministra: V. Ex.ª já colocou o seu lugar
à disposição do Primeiro-Ministro? Se não o fez, pergunto-lhe o seguinte: como é que V. Ex.ª aceita fazer parte
de um Governo que desqualifica deste modo os seus ministros e mente a este Parlamento?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, do CDS, tem a palavra também para pedir
esclarecimentos.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados, confesso que tenho uma grande dificuldade em perceber em que país VV. Ex.as habitam.
Convém lembrarmo-nos do que foi dito pelo Primeiro-Ministro, na mensagem de Natal de 2017, quando disse
que nos tínhamos libertado da austeridade. Ora, como é que a Sr.ª Ministra explica que, tendo acabado a
austeridade, nunca tenha havido tanta contestação social, tantas greves e tantas demissões na área da saúde?
As greves e a contestação dispararam de tal maneira que são infinitamente e indiscutivelmente superiores à
contestação e às greves a que assistimos no tempo da troica.
Mais: afeta todo o espetro da área da medicina, pois falamos de médicos, de enfermeiros, de técnicos de
diagnóstico e terapêutica, de auxiliares de ação médica e até do pessoal administrativo. Todos estão
descontentes! Todos! Até ilustres socialistas dizem que o Serviço Nacional de Saúde está numa situação
calamitosa. Como a Sr.ª Ministra sabe, as demissões têm sido sucessivas, de norte a sul do País, a nível de
chefes de equipa, de diretores de serviço, de conselhos de administração hospitalares, e o mais grave é o facto
de o Governo ter vindo sistematicamente a desvalorizar todas estas demissões. A segurança clínica, além do
mais, está em causa.
O que lhe pergunto, desde logo, é o seguinte: o que está o Governo a fazer para repor a segurança clínica
no SNS? Depois, voltando outra vez à libertação da austeridade anunciada pelo Primeiro-Ministro, o
investimento na saúde não tem existido. Os senhores podem dizê-lo, mas não há como rebater a realidade que
todos conhecem: anúncios sim, mas investimento efetivo nenhum. Vou apenas dar-lhe um exemplo: a execução
do investimento público, em 2017, foi de 58% e de 44% em 2018, num desvio negativo de 170 milhões de euros.
Para agravar tudo isto, para além da falta de investimento, o prejuízo, em 2018, foi de 3,6 mil milhões de euros.
Só para ter uma ideia, este valor é sete vezes o do orçamento para a cultura.
Sr.ª Ministra, chega de anúncios. Em fim de Legislatura, já tinham obrigação de ter mais trabalho feito.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Atenção ao tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Tem toda a razão, Sr. Presidente. Vou já concluir.
Há uma questão que nunca posso deixar de colocar, que faço a si, Sr.ª Ministra, tal como fiz a todos os seus
antecessores: qual a estratégia de VV. Ex.as para a saúde mental? O que tem sido feito? Trata-se do grande
desafio do século XXI. Estamos a falar de uma área transversal e que, sobretudo, afeta os mais idosos, através
das demências, bem como as famílias que não têm onde deixar os seus familiares, que não têm quem cuide
deles e que têm de abdicar, muitas vezes, do seu próprio emprego.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vá lá, Sr.ª Deputada! Tem de terminar.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Tem toda a razão, Sr. Presidente. É um abuso. Muito obrigada. Já
concluí.
Aplausos do CDS-PP.