I SÉRIE — NÚMERO 92
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, agradecia que se criassem
as condições para que o Sr. Deputado Carlos Pereira possa continuar no uso da palavra.
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — O ruído também é poluição!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Faça favor de continuar, Sr. Deputado Carlos Pereira.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Muito obrigado, Sr. Presidente.
Todos nós sabemos que, para reduzir 50% das emissões, é preciso garantir que um terço da mobilidade seja
elétrica e era sobretudo isso que estávamos aqui a discutir.
Sabemos que, no passado, houve quem, pela pressão da procura, porque queria resolver algo
imediatamente, tenha comprado autocarros em segunda mão e a diesel, mas não é isso que estamos a discutir.
Queremos garantir aquilo que o Sr. Ministro já disse e é, de facto, um desafio ambicioso que nos deve convocar
a todos, ou seja, que um País pequeno, que representa menos de 2% da população, é capaz de colocar o
desafio de, até 2050, garantir a neutralidade carbónica.
Ora, isto é que é verdadeiramente essencial e era isto que esperávamos que fosse discutido neste
Parlamento e neste debate, mas os senhores fugiram a esse debate porque ele não interessa, porque este é
um desafio novo, é um desafio responsável e é um desafio que o Partido Socialista, obviamente, patrocina, e
vamos, com certeza, conseguir bons resultados.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, a Mesa, há pouco, cometeu um lapso, ao dizer
que aquela era a última intervenção.
Eu próprio assumo a responsabilidade de ter querido silenciar o Deputado do Bloco de Esquerda Heitor de
Sousa, a quem dou a palavra para uma última intervenção.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Sr. Presidente, aceito as suas desculpas e agradeço a deferência.
Sr. Ministro, respeito muito o facto de ter problemas de audição, mas queria apenas dizer-lhe que é preferível
separar o que queremos ouvir daquilo que não devemos ouvir. É melhor ouvir o povo do que ouvir a caserna e,
quando refiro a «caserna», refiro-me, sobretudo, às opiniões do seu alter ego, do Sr. Secretário de Estado
Adjunto e da Mobilidade, que, numa brilhante peça de comunicação, nos transmitiu uma ideia completamente
errada do modelo de transportes públicos democrático que queremos construir.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética: — Não faço ideia do que é o alter ego! Vem no
Google o que é o alter ego?!
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Sr. Ministro, reparou, com certeza, que, há dois meses, as várias pessoas
que foram entrevistadas nos telejornais classificaram a medida da redução tarifária como «absolutamente
espantosa», «formidável», «a melhor coisa que poderia ter acontecido», ou seja, derreteram-se em elogios ao
Governo a respeito da medida. O que realmente agora acontece, quando o Sr. Ministro for ouvir outra vez o
povo, é exatamente o contrário, pois ouvirá as pessoas queixarem-se da sobrelotação de veículos, dos veículos
que não aparecem, dos lugares que não têm, das condições de conforto que deixaram de existir e das cadeiras
que o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade quer retirar…
Protestos do Ministro do Ambiente e da Transição Energética.
… para reduzir a qualidade da oferta dos transportes.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira terminar, por favor.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Sr. Ministro, há uma medida muito simples que possibilitará fazer mais e
melhor com os meios que existem. Sabe qual é? É recrutar trabalhadores para aumentar a oferta com os meios