I SÉRIE — NÚMERO 96
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O Sr. Presidente: — Sr. Deputado José de Matos Rosa, a Mesa regista a inscrição do Sr. Deputado João
Gouveia, do Partido Socialista, para pedir esclarecimentos.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. João Gouveia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado José de Matos Rosa,
estamos a apreciar um projeto de lei do Bloco de Esquerda, de todos já conhecido.
A nosso ver, importará relevar dois factos. Em primeiro lugar, este projeto de lei, dado o seu teor, vem
procurar dar sequência à proposta do Partido Socialista, recentemente aprovada, no debate, na especialidade,
da nova lei de bases da saúde, no correspondente grupo de trabalho.
Logo após o início de funções do atual Governo, foi aprovada, por exemplo, entre outras medidas, uma
redução das taxas moderadoras até ao limite de 25% do seu valor total. E convirá recordar que, como
consequência imediata, em 2016, os cidadãos utentes do Serviço Nacional de Saúde pouparam milhões de
euros, tendo-se verificado no mesmo ano um acréscimo do número de consultas e cirurgias realizadas. Esta
realidade factual evidencia que o Partido Socialista, também no que toca às taxas moderadoras na saúde, tem
um desígnio estratégico claro: um Serviço Nacional de Saúde universal, geral e tendencialmente gratuito.
Após estas notas de enquadramento, de forma não recorrente, permitir-me-ia ainda recordar as opções
políticas do XV Governo Constitucional, de coligação PSD/CDS, que, em 2003, sem quaisquer condicionantes
de natureza troiquiana, aprovou e aplicou aumentos das taxas moderadoras entre 30% e 40% e também um
aumento superior a 150% no número de atos de saúde sujeitos a taxas moderadoras.
Assim, face ao histórico conhecido, porque os factos falam por si, resulta, a nosso ver, clara a pertinência
política de uma clarificação do PSD quanto ao seu atual relacionamento estratégico com as taxas moderadoras.
Objetivando, Sr. Deputado Matos Rosa: qual é o pensamento atual do PSD sobre esta matéria?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José de Matos
Rosa
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Gouveia, em primeiro lugar,
agradeço as perguntas que colocou, mas verifiquei que elas foram para o Bloco de Esquerda, não foram para
nós.
Protestos do PS.
O pensamento do PSD ficou bem explícito na minha intervenção e nas intervenções dos meus Colegas
Deputados, aquando deste debate. Ficou bem explícito e claro!
A Sr.ª Joana Lima (PS): — Então, o que é que pensam?
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — O que verificamos, no fundo, Sr. Deputado, é uma cortina de fumo
sobre os graves problemas do SNS.
Vozes do PSD: — Ora!
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — É isto que o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista vêm trazer, além
de uma luta fratricida entre as esquerdas, entre o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Pronto, não tem nada a dizer! Está certo!…
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — No fundo, e digo-o com grande sinceridade, deviam ter mais respeito
pelos utentes do SNS, que têm problemas todos os dias,…