15 DE JUNHO DE 2019
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O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
Protestos da Deputada do PS Joana Lima.
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — … que querem ter uma cirurgia, uma consulta e querem ser atendidos,
por aqueles que, no dia a dia, fazem o SNS, que são os médicos, os enfermeiros, os auxiliares, todos aqueles
que trabalham nos hospitais e que nos ajudam nos nossos problemas.
Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Gouveia, digo-lhe uma única frase: entendam-se e façam com
que o SNS funcione, para bem dos portugueses e de todos aqueles que precisam.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe à Sr.ª Deputada Carla Cruz, do PCP.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A poucos meses da celebração do 40.º
aniversário do Serviço Nacional de Saúde nunca é demais lembrar que o SNS brotou da Revolução de Abril.
Esta importante conquista concretizou o direito à saúde vertido na Constituição de 1976, a qual estipulava a
gratuitidade dos cuidados de saúde.
O carácter gratuito viria a ser liquidado e abandonado por ação de sucessivos governos da política de direita:
PS, PSD e CDS. Primeiramente por via da Revisão Constitucional de 1989, introduzindo o carácter
tendencialmente gratuito, posteriormente, por alterações sucessivas ao seu regime, designadamente, a
instituição da revisão anual dos valores através da atualização anual automática do valor das taxas à taxa de
inflação, ou ainda o agravamento das penalizações respeitantes ao não pagamento da respetiva taxa
moderadora.
Em 2003, o Governo PSD/CDS aplicou um brutal aumento a estas taxas (com aumentos entre 30% a 40%
para urgências e consultas) e aumentou o número dos atos sujeitos a taxa moderadora de 140 para 360.
Em 2009, o Partido Socialista introduziu mais alguns atos nas taxas moderadoras.
Em 2011, o Governo PSD/CDS, para além de agravar exponencialmente o valor das taxas moderadoras,
retirou a isenção das mesmas aos bombeiros e aos dadores benévolos de sangue. E os doentes diabéticos,
hemofílicos, seropositivos, oncológicos, com espondilite anquilosante ou esclerose múltipla deixaram de estar
isentos, exceto para consultas, exames e tratamentos diretamente relacionados com a respetiva doença. Outros
ficaram sem isenção de todo!
PSD e CDS impuseram, ainda, o pagamento de taxas moderadoras à interrupção voluntária da gravidez.
A luta dos utentes, dos trabalhadores e do povo foi determinante para a interrupção da política de exploração
e empobrecimento do PSD/CDS e de transferência de custos para os utentes.
A correlação de forças saída das eleições de 2015 e, sobretudo, a ação e intervenção do PCP foram
determinantes para travar o aumento das taxas moderadoras e reduzir o seu valor, assim como para a
recuperação das isenções, entre outras, para os bombeiros e para os dadores benévolos de sangue.
O PCP não desvaloriza nenhum destes avanços, mas regista que não se foi mais longe, quer na isenção,
quer na revogação das taxas moderadoras, por opção do PS e do seu Governo, que rejeitaram sistematicamente
as nossas propostas de isenção de doentes crónicos, que recuperava o regime existente antes das alterações
feitas por PSD/CDS, e as iniciativas legislativas apresentadas para a revogação das taxas moderadoras.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, as taxas moderadoras, instituídas a partir de uma falácia — moderar o
acesso aos cuidados de saúde e desta forma regular a utilização dos cuidados de saúde — foi algo a que sempre
nos opusemos por considerarmos que a introdução das taxas moderadoras institui a modalidade de
copagamento e, sobretudo, transfere para os utentes os custos com a saúde, sendo assim um verdadeiro
obstáculo que põe em causa o direito à saúde, obstáculo que persiste, apesar de terem sido reduzidos os seus
valores. São os dados de vários estudos que mostram que esse obstáculo perdura.