I SÉRIE — NÚMERO 102
8
Com isto estamos, ao mesmo tempo — e olhando para o processo de transformação digital —, a conseguir
um melhor compromisso entre o desenvolvimento económico e, certamente, a preservação ambiental,
reforçando o conhecimento como um bem público.
Por isso, precisamos de uma opção política clara, que compreenda que a coesão territorial e a
competitividade se fazem simultaneamente com um esforço de convergência europeia e com mais
conhecimento.
Dando o conhecimento e abrindo o conhecimento a todos, desenvolvemos, a nível europeu, uma estratégia
de ciência aberta em termos do acesso ao conhecimento, mas também, e sobretudo, em termos da relevância
do próprio conhecimento na criação do emprego, possibilitando, ao mesmo tempo, a participação de todos nessa
estratégia.
Alterámos completamente a concentração do nível de financiamento para o alargar a uma estratégia nacional
que chegue a todos os portugueses — de Bragança ao Fundão, passando por Faro e, certamente, também, em
Lisboa e no Porto —, reforçando o melhor que fazemos, mas, sobretudo, dando oportunidade a todos de
poderem perceber o que é a excelência científica e o que são os benefícios económicos do conhecimento.
O crescimento, sobretudo, do investimento das empresas em todo o País, de Bragança a Faro, mostra bem
que vale a pena investir no conhecimento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Alexandre Quintanilha, inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª
Deputada Nilza de Sena.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Alexandre
Quintanilha — a quem cumprimento —, ouvimos o Sr. Ministro citar, durante a sua intervenção, o European
innovation scoreboard.
Sabemos que, anualmente, temos uma análise comparativa que nos mostra a evolução quer dos países da
União Europeia quer de outros países regionalmente próximos e, ainda, de países que não pertencem à União
Europeia. Essa análise mostra-nos os pontos fortes e os pontos fracos.
O Sr. Deputado, na sua intervenção, considerou que Portugal tinha feito algum progresso. Aliás, registei a
frase em que diz que, muitas vezes, vendemos melhor os fracassos do que os sucessos.
A pergunta que me apraz fazer neste momento é se o Sr. Deputado considera que estar na 3.ª divisão é um
sucesso para Portugal, sobretudo quando vemos que fragilidades são apontadas nesse relatório.
O que é que o relatório nos diz? Diz-nos que, no que toca a pedidos de patentes internacionais, somos fracos.
Porquê? Porque não valorizamos suficientemente o conhecimento produzido e a aplicação desse conhecimento
na economia, bem entendido.
Mais: temos emprego científico qualificado, reduzido em manufatura de média e alta tecnologia; fracos
resultados nas vendas e na valorização económica do conhecimento; fraca capacidade na dimensão de ligações
e exportação de serviços intensivos em conhecimento; poucas empresas com elevado investimento em I&D, e
poderia continuar.
Estes indicadores são claros. Para nós, são reveladores de que estas são más notícias, de que não orgulham
o País e de que demonstram que está muito por fazer, para não dizer que ficou tudo por fazer ao longo dos
últimos quatro anos.
A pergunta é a seguinte: de que modo é que estes indicadores, que são manifestamente medíocres, podem
ser considerados um sucesso, que é aquilo que o Sr. Deputado diz na intervenção? Eu acho isto surreal. O PSD
chamou a atenção para esta situação quando apresentou aqui um pacote legislativo sobre uma matéria que
toda a esquerda se encarregou de chumbar.
Portanto, concluímos apenas o seguinte: este Governo trabalhou para a 3.ª divisão e teve apenas navegação
à vista.
Aplausos do PSD.