I SÉRIE — NÚMERO 102
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O Painel Europeu da Inovação 2019, divulgado há dias pela Comissão Europeia, confirma o
reposicionamento de Portugal como um dos países inovadores, com forte progressão nos últimos anos,
destacando, entre os fatores positivos, o papel das PME (pequenas e médias empresas) como agentes de
inovação e a atratividade do nosso sistema de investigação.
Sr. Ministro, os resultados falam por si, mas a pergunta que quero fazer é sobre a estratégia em curso.
O Governo tem vindo a implementar uma estratégia de enriquecimento do tecido institucional, tendente a
acabar com a política das capelinhas, do cada um por si, apostando em instituições de interface, articulações
estruturadas, enraizamento territorial e ligação ao tecido social e económico como fonte de vitalidade das
instituições de ensino superior e ciência, de que são exemplo, apenas um exemplo, os Laboratórios
Colaborativos.
A pergunta que lhe deixo é sobre o desenvolvimento atual e futuro dessa estratégia, porque precisamos de
saber que este caminho vai ser prosseguido com determinação. É que desenvolvimento económico e construção
de uma sociedade decente são dois caminhos que precisamos trilhar em simultâneo e o prosseguimento desta
estratégia de ciência e inovação é muito necessário para esse desiderato.
Esta é a questão que lhe deixo.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, muito bom dia.
Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, em nome do PSD, o Sr. Deputado Duarte Marques.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, voltamos a fazer um
debate sobre a política de ciência quatro anos após a tomada de posse deste Governo e, Sr. Ministro, mais uma
vez, quatro anos após a sua tomada de posse, tenho de o confrontar com o seu Livro Negro da Avaliação
Científica em Portugal, que subscreveu durante o período do Governo anterior.
Na altura, o Sr. Ministro criticava o investimento que era feito em ciência, porque dizia que a despesa total
anual em I&D tinha diminuído para 1,34% do produto interno bruto, em 2013.
O Governo faz chegar ao Parlamento o Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional.
Curiosamente, corta o valor de 2013 e começa só em 2014. Sabe porquê, Sr. Ministro? É que o valor de 2013
era superior ao atual!
Gostava de saber, Sr. Ministro, o que tem a dizer sobre isto, porque nós, depois de ouvirmos a intervenção
do Prof. Quintanilha, não podemos deixar de concordar com os princípios, com a estratégia. O que falta a este
Governo não são agendas, porque este Governo, tal como o Partido Socialista, normalmente tem as agendas
certas, não tem é as políticas corretas que passem à prática aquilo que são as agendas.
Aplausos do PSD.
Dou-lhe o exemplo do alojamento. Foi preciso que o Prof. Sobrinho Teixeira descesse a Lisboa para que
houvesse realismo na política de alojamento, porque até agora eram só agendas e conversa fiada.
Sr. Ministro, tenho de lhe dizer que a FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) e a política de ciência não
podem ser uma política de casos, de pequenos exemplos que o Sr. Ministro escolhe para disfarçar a inexistência
de uma política de ciência, em Portugal. Apesar de mostrar alguns casos que ficam bem nas fotografias e nas
notícias, a realidade é que não há uma política efetiva no terreno, porque toda a gente se queixa do que está a
passar-se: são os atrasos na abertura de concursos na FCT, são os atrasos na apresentação de resultados da
FCT, é a falta de conformidade entre os critérios e as decisões, é a falta de transparência da FCT, é a
perseguição a bolseiros de investigação, que reuniram com o Parlamento e contrariaram o Sr. Ministro, tendo
sido despedidos da FCT.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — É mentira!