I SÉRIE — NÚMERO 4
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Aplausos do PS.
Assim, a batalha pela subida consistente e duradoura dos salários é talvez a principal marca de um
desenvolvimento económico e social em linha com os desafios fundamentais do nosso País, respondendo com
a melhoria das condições de vida aos desafios da fixação dos jovens e dando uma resposta estratégica para a
sustentabilidade dos sistemas sociais; estimulando a modernização das empresas e incrementando a
imprescindível aposta na valorização das pessoas, na sua formação e aprendizagem ao longo da vida; e
rompendo de vez com um padrão económico onde ainda têm demasiado peso atividades que apenas se mantêm
competitivas de forma frágil através da compressão dos salários e das condições de vida dos trabalhadores.
Tempos houve, não muito distantes, em que muitas vozes se levantavam afirmando que elevar o salário
mínimo era um erro ou, no mínimo, um risco elevado.
Hoje, a maioria das empresas e dos parceiros assume esta necessidade do progresso salarial como
essencial para se manterem sólidas nos seus mercados e para atraírem os recursos humanos que são hoje
muito escassos.
Aplausos do PS.
Certo é que ainda há quem defina os nossos objetivos como arrojados ou imprudentes. A realidade da
economia e da sociedade portuguesa obriga a esta oposição mal disfarçada. Mas, para nós, este é um terreno
decisivo de mudança, de verdadeira mudança estrutural.
Queremos seguir este caminho com todos, procurando consensos e convergências, mas não nos
afastaremos nunca deste objetivo, porque é ele que melhor serve Portugal, as portuguesas e os portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, quatro
Srs. Deputados.
Como pretende responder, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Respondo dois a dois, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Assim sendo, tem a palavra, para esse efeito, o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, antes de mais, queria
saudá-la pelo assunto tão importante que trouxe para discussão.
Nós também consideramos que o nosso País não pode continuar a apostar numa política de baixos salários.
Por isso, torna-se absolutamente imperioso proceder à valorização salarial, porque é uma forma de garantir mais
justiça na distribuição da riqueza produzida e, ao mesmo tempo, promover o aumento do poder de compra e a
melhoria das condições de vida das pessoas que trabalham e das suas famílias.
Ora, isto traduzir-se-á também num contributo para a recuperação e a dinamização da economia e da procura
interna e, por consequência, para a produção nacional e a criação de emprego, como, de resto, ficou visível
durante a anterior Legislatura, uma vez que foi reposto, ainda que pouco, o poder de compra das famílias. Isso
foi importante no que diz respeito à dinamização do mercado interno e teve reflexos muito positivos na nossa
economia.
Sr.ª Deputada, ao falarmos da valorização dos salários, temos forçosamente de falar do salário mínimo
nacional, porque, apesar do aumento que conheceu na anterior Legislatura, continua muito baixo. Basta
constatar que o salário mínimo vale hoje menos do que valia em 1974 e, em termos reais, vale atualmente
menos 10% do que valia há cerca de 40 anos.
Portanto, repito, é um valor baixíssimo a todos os níveis: é baixo quando comparado com o salário mínimo
dos restantes países da União Europeia, é baixo quando fazemos uma leitura sobre as desigualdades salariais