I SÉRIE — NÚMERO 11
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afetados por alterações no seu valor, também os trabalhadores com salários medianos são prejudicados pela
subida do salário mínimo.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — As empresas, para conter custos salariais, comprimem os aumentos salariais dos trabalhadores que não são afetados diretamente pelo novo salário mínimo, o que é injusto e
insustentável.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — E não venham os partidos de esquerda dizer, como têm dito, que o não aumento do salário mínimo só protege grandes empresas, as empresas de grande capital. Isso não é verdade,
como bem sabem, pois estas empresas tendem a ter poucos trabalhadores a receber o salário mínimo. Na
verdade, são as pequenas e médias empresas que mais trabalhadores têm a receber o salário mínimo
nacional e elas representam cerca de 99,9% do tecido empresarial. E, por essa razão, serão estas as
principais visadas pelo aumento do salário mínimo. São precisamente estas as empresas a que o Sr. Primeiro-
Ministro, ainda há dias, aqui, nesta Câmara, se referia, dizendo que só olha para as empresas de futuro e não
para aquelas que contam os cêntimos do salário mínimo. Será que o Sr. Primeiro-Ministro não sabe da
importância das pequenas e médias empresas na economia portuguesa?
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Aquelas que, infelizmente, diariamente têm de contar tostões para pagar aos seus trabalhadores? Não saberá o Sr. Primeiro-Ministro que são as empresas do setor do turismo, da
restauração, do alojamento, das atividades similares, que mais empregam trabalhadores que recebem o
salário mínimo nacional?
Protestos do Deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro.
Não saberá o Sr. Primeiro-Ministro que são, precisamente, as pequenas e médias empresas que mais
precisam do apoio do Estado para sobreviver e manter os postos de trabalho?
Srs. Deputados, na atual conjuntura, o aumento do salário mínimo representa uma decisão desajustada,
inconsciente e irresponsável, principalmente quando o País regista uma inflação próxima de zero, ou seja,
quando os trabalhadores não vão perder o poder de compra, caso seja mantido o valor do atual salário
mínimo.
Protestos do PCP.
E isto é muito importante: não vão perder poder de compra. Em suma, num contexto de extrema debilidade
do tecido empresarial, de explosão do desemprego, aumentar salários sem correspondência na produtividade
é deitar achas para a fogueira.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada Ofélia Ramos, queira concluir, se faz favor.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente. Aumentar o salário mínimo em plena crise económica e social significa mais falências, mais desemprego. E
é precisamente para defender os mais frágeis, os mais vulneráveis que o PSD é, hoje, contra qualquer
alteração do valor do salário mínimo nacional.
Aplausos do PSD.