I SÉRIE — NÚMERO 11
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E, por isso, também sei que sabem que devemos, pelo contrário, em conjunto, aproveitar este momento de
dificuldade para, com a força de todos os trabalhadores e de todos os portugueses, com a ajuda da União
Europeia, gerir e usar bem os recursos disponíveis para recuperar Portugal.
O salário mínimo nacional é apenas uma dimensão do que temos de continuar a fazer. Seria imperdoável e
incompreensível, até, trocar uma proposta de aumento de salários, de aumento de rendimentos, de proteção
de emprego, de reforço das prestações sociais pelo aventureirismo de uma solução que defende precisamente
o contrário do que construímos e que já demonstrou, no passado, ao que vem, porque vem e por quem vem.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Falo agora diretamente para os cerca de 850 mil portugueses que
auferem o salário mínimo. Conheço bem os rostos de tantas e tantos operários que, no chão das fábricas de
Guimarães, no vale do Ave, ao longo da sua carreira contributiva apenas viram subir os seus salários porque
os parceiros sociais e o Estado, em última instância, subiram, por decreto, o salário mínimo, como aconteceu
nos últimos seis anos. Sei o que significa a subida do salário mínimo para aqueles portugueses, para as suas
famílias e para tantas e tantos outros trabalhadores deste País. Por isso, a proposta que apresentaremos em
sede de concertação social será uma proposta equilibrada, fiel ao compromisso que assumimos de defesa do
trabalho digno, de recuperação de rendimentos e de combate à pobreza de quem trabalha.
A situação sanitária difícil adensa a incerteza, é certo. As dificuldades económicas e financeiras das
empresas e das famílias continuam, mas não é tempo de voltar para trás. Em 2020, como em 2015, a política
económica de devolução de rendimentos, indução da procura e estímulo à economia funcionará, como
funcionou.
Pelo Partido Socialista, a crise económica e sanitária, a crise social não servirá de pretexto para regressar
às políticas de empobrecimento. E, não, pelo PS não sairemos desta crise à custa das pessoas, dos seus
salários, dos seus empregos e do empobrecimento do País.
Aplausos do PS.
Ao povo português queremos dizer, hoje, que a proposta de aumento do salário mínimo de 750 € até 2023
é o nosso compromisso, e hoje sai daqui reafirmado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe ao Partido Ecologista «Os Verdes».
Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Vimos aqui, da parte do PSD, um esforço para ressuscitar a teoria da vinda do diabo.
Protestos da Deputada do PSD Ofélia Ramos.
Sr.ª Deputada Ofélia Ramos, foram 9 minutos e meio a dizer que o PSD é contra o aumento do salário
mínimo nacional. Nós sabemos que há forças políticas para quem nunca é oportuno aumentar o salário
mínimo nacional. Se não é disto, é daquilo e é a conjuntura, Sr.ª Deputada, mas nunca é oportuno aumentar o
salário mínimo nacional.
O que nós sabemos é que o nosso País não pode continuar a apostar numa política de baixos salários, não
só porque isso representa uma forte injustiça para milhares e milhares de famílias, como também porque os
baixos salários em nada contribuem para a dinamização da nossa economia, bem pelo contrário.
Por isso, torna-se absolutamente imperioso proceder à valorização salarial, porque é uma forma de garantir
mais justiça na distribuição da riqueza produzida, e, ao mesmo tempo, promover o aumento do poder de
compra e a melhoria das condições de vida das pessoas que trabalham e das suas famílias.
Para além disso, a valorização dos salários em geral, e em particular do salário mínimo nacional, traduzir-
se-á também num contributo para a recuperação e a dinamização da economia e da procura interna, e, por