I SÉRIE — NÚMERO 15
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: A discussão deste relatório é um momento importante para reafirmar o compromisso com a igualdade entre
mulheres e homens.
O CDS, reafirmando esse compromisso, naturalmente, não deixa de notar uma diferença na abordagem que
tem sido feita pelos Governos socialistas em relação àquilo que entendemos serem medidas muito mais
eficazes. É o Partido Socialista que tem optado sempre por medidas negativas e por medidas impositivas.
Ouvi o Sr. Secretário de Estado dizer: «É ótima a evolução que houve na participação das mulheres nos
conselhos de administração de empresas cotadas em bolsa». Bom, é decorrência de uma obrigação legal.
Se acharmos que não há, do ponto de vista social, um efetivo reconhecimento do papel das mulheres na
sociedade e nas empresas que mereça esse reconhecimento e se nos contentarmos única e exclusivamente
com aquilo que acontece no decurso de uma imposição legal, pergunto: para além dessa imposição legal e da
obrigação, quantas mais mulheres tiveram acesso aos conselhos de administração? Nenhuma, Sr. Secretário
de Estado. Repito: nenhuma!
Portanto, esta é só uma ideia de que é o Estado que vai conseguir, unilateralmente, melhorar esta situação.
Pode consegui-lo nos conselhos de administração das empresas, mas não o consegue, depois, na base, onde
as mulheres que têm mais dificuldade obviamente não conseguem, pelo facto de haver uma mulher na
administração, ter maior igualdade relativamente aos homens.
Entendemos que fazem falta muitas mais medidas de base, medidas que tenham a ver com a conciliação
entre o trabalho e, designadamente em Portugal, a vida familiar.
Ainda agora vimos, na questão da pandemia: quando se recorria ao teletrabalho, quando se recorria a um
dos elementos da família para ficar com os filhos em casa, foi esmagadoramente maioritária a opção por as
mulheres ficarem em casa e por os homens continuarem a trabalhar.
É neste tipo de opções e neste tipo de mentalidade que temos de trabalhar e, para isso, é preciso haver
medidas positivas.
Os senhores gostam muito de comparar a realidade atual com a realidade do Governo do PSD/CDS. Queria
exatamente fazer essa comparação e perguntar por que razão é que as ações de sensibilização promovidas no
sentido desta maior igualdade entre mulheres e homens no contexto do trabalho foram, em 2015, no último ano
do Governo do PSD/CDS, 2392, e foram, em 2019, 540, ou seja, menos de um quarto. Porquê?! Porque é que
as ações de sensibilização foram, durante o Governo com um Orçamento aprovado pelo PS, pelo PCP, pelo
Bloco de Esquerda e por Os Verdes, menos de um quarto daquelas que existiram no tempo do Governo do
PSD/CDS?
Mas podemos falar, também, do número de pessoas. Porque é que, em 2015, quando era Governo o PSD e
o CDS, participaram em ações de sensibilização 92 217 pessoas e, quando os Orçamentos foram aprovados
pelo PS, pelo PCP, pelo Bloco de Esquerda e por Os Verdes, em 2019, só participaram 20 353 pessoas, ou
seja, cerca de um quinto?
É nesta malha fina que se veem, efetivamente, os cortes que são feitos nos Orçamentos de esquerda, que
se refletem, essencialmente, na base da igualdade.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O Governo esqueceu-se totalmente de continuar a trabalhar para que essa igualdade exista e seja aumentada.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, concluímos, assim, os nossos debates da ordem do dia de hoje. Despedimo-nos dos membros do Governo presentes e vamos passar ao período das votações
regimentais.
Registamos a inscrição de 223 Sr.as e Srs. Deputados. Portanto, temos quórum.
Em primeiro lugar, temos para votar o Projeto de Voto n.º 347/XIV/2.ª (apresentado pelo CDS-PP) — De
pesar pelo falecimento de Augusto Cymbron.
Peço à Sr.ª Secretária Sofia Araújo que proceda à leitura deste voto.
A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor: