I SÉRIE — NÚMERO 1
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Enquanto membro da Comissão dos Direitos do Homem no Conselho da Europa, defendeu de forma
exemplar os direitos fundamentais e contribuiu para a fiel implementação dos princípios contidos na Convenção
Europeia dos Direitos do Homem.
Foi influente e elevou o nome de Portugal além-fronteiras, enquanto copresidente do Comité África da
Internacional Socialista, na Presidência da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, como Vice-
Presidente da União de Cidades Capitais Ibero-Americanas, como Presidente do Movimento das Eurocidades
e da Federação Mundial das Cidades Unidas.
Em 1996, quando foi eleito Presidente da República encetou dois mandatos que, de forma consensual, foram
considerados de grande dignidade e de grande sentido diplomático, de proximidade e de franco compromisso
com o povo português. Destacando-se o elevado sentido institucional, que se revelou, por exemplo, enquanto
Comandante Supremo das Forças Armadas, onde tudo fez para preservar a respetiva integridade, bem como a
continuação do seu reconhecimento e importância para a defesa externa do País, assim como para a execução
de missões de apoio às populações em situações extremas, algumas vezes mesmo contra algumas vozes da
sua área política.
Jorge Sampaio foi um homem de esquerda, com fortes convicções, a que foi sempre fiel na sua ação política,
nunca deixando de ter um papel determinante na prossecução dos valores e princípios que defendia e, assim,
conquistando o seu lugar único, pessoal e intransmissível.
Nem sempre pudemos partilhar da mesma visão. Nem sempre concordámos sobre o melhor rumo. Por vezes,
tivemos profundas divergências. Mas o que fica da relação institucional com o Presidente Jorge Sampaio é uma
saudável diferença no pensamento e na ação, pautada pelo respeito, pela estima e pela recíproca consideração
política.
Jorge Sampaio deixou-nos, na sua forma de viver e de exercer a vida política, um manual de boas práticas,
que não pode ser ignorado no dia a dia e que se traduz no cumprimento da palavra, na frontalidade e na verdade,
no compromisso, na seriedade, na retidão e na elegância do trato.
Temos todos a obrigação de, também aqui, evocar Jorge Sampaio como um homem da verdade, que George
Orwell tão bem definiu como uma revolução num tempo de engano universal. E tanto que nos falta esse exemplo
de verdade, de compromisso e de seriedade. Saibamos honrá-lo.
E, nas causas de Jorge Sampaio, destaca-se a de principal impulsionador na libertação de Timor. Os
portugueses deram as mãos por um povo fisicamente tão distante, mas histórica e culturalmente tão próximo. E
lutaram pelos direitos dos timorenses como se fossem os seus, num abraço solidário e fraterno.
Timor-Leste nasceu do esforço conjunto de muitas pessoas que defendiam a vitória da democracia e da
liberdade. Jorge Sampaio foi um dos grandes embaixadores desse combate e um dos primeiros a testemunhar
o nascimento de Timor livre. De tal forma que hoje é nosso e é dos timorenses. Partilhamos por ele, admiração
e agradecimento.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo: Em meu nome e em
nome do Partido Social Democrata, endereçamos à família e aos amigos de Jorge Sampaio as nossas profundas
condolências.
É reiterado o nosso orgulho em ter tido o Presidente Sampaio na defesa de Portugal e dos portugueses.
É verdadeiro o respeito que nos merece o seu legado e a sua herança política na dedicação à causa pública.
Jorge Sampaio honrou o País e honrou-nos a todos, porque, antes de tudo o mais, nunca quis outra coisa
que não fosse continuar a ser um cidadão comum.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça Mendes, do Grupo Parlamentar
do PS.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro
e Srs. Membros do Governo, Cara Maria José Ritta, Cara Vera, Caro André Sampaio, familiares e amigos de
Jorge Sampaio: Olhamos para Jorge Sampaio e vemos a sua inquietude serena, mas determinada, que o fez
um homem extraordinário no plano cívico e político.
Era essa inquietude que lhe entregava energia para ousar e sonhar, que lhe dava vivacidade intelectual,
vontade de agir, curiosidade pelo novo, indignação perante a injustiça.