2 DE OUTUBRO DE 2021
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Portugal valoriza muitos dos elementos centrais do discurso da Presidente da Comissão.
Em primeiro lugar, a centragem desse discurso e, portanto, da nossa atenção política, das nossas
prioridades políticas na juventude e o lançamento do novo programa Alma para o intercâmbio de jovens
profissionais entre os Estados-Membros.
Em segundo lugar, o apoio à vacinação em todo o mundo. Temos um resultado muito importante na
vacinação no interior da União Europeia, mas nunca nos devemos esquecer que nós próprios só estaremos
protegidos quando todos, na Terra, estiverem protegidos. Daí o compromisso de investir, pelo menos, 1000
milhões de euros em capacidades de produção de vacinas em África; o compromisso, já assumido, de 250
milhões de vacinas doadas a países em desenvolvimento e o novo compromisso, agora assumido, de mais
200 milhões de vacinas de doação para países em desenvolvimento. Tudo isso representa um novo esforço,
que permite à União Europeia honrar as suas próprias responsabilidades na contribuição para a
universalização da vacinação.
Em terceiro lugar, valorizamos, no discurso da Presidente, a determinação na agenda climática, na
transição verde e, sobretudo, a consciência de que essa transição, para ser bem-sucedida, tem de ser fundada
no Pilar Europeu dos Direitos Sociais, no modelo social europeu. Desse ponto de vista, a criação do fundo
social para o clima é um passo, que, não sendo bastante, é muito importante para que todos tenhamos
consciência daquele que foi um dos principais resultados da Presidência portuguesa do Conselho: a ideia de
que vencemos a dupla transição digital e climática se reforçarmos o modelo social europeu.
Em quarto lugar, no discurso da Presidente, queria salientar a importância do tema da soberania
tecnológica da Europa, que tem uma tradução muito concreta, por exemplo, na ultrapassagem das atuais
dificuldades de abastecimento da nossa produção industrial em semicondutores. Portanto, o novo ato
legislativo proposto pela Comissão é bem-vindo, como é bem-vindo este foco na soberania tecnológica da
Europa.
Depois, finalmente, queria salientar, no discurso da Presidente, também a ideia de que a Europa tem de ter
a sua própria estratégia global de conectividade, tem de ser um ator global também neste domínio essencial,
que é o domínio das infraestruturas de transportes e comunicações, das comunicações digitais e da
mobilidade humana à escala global.
Vale a pena, pois, contribuir para o debate europeu sobre o futuro e estou certo de que este debate, que
hoje teremos no Parlamento, será um importante contributo para essa discussão europeia sobre o futuro. E as
minhas ideias sobre o futuro guardá-las-ei para a intervenção final, porque assim permitirei enriquecê-las com
as intervenções das Sr.as e dos Srs. Deputados.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — A primeira intervenção cabe ao Grupo Parlamentar do PS, começando pela Sr.ª Deputada Isabel Oneto.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Oneto (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: Há dois meses, neste Hemiciclo, o
debate sobre o estado da União centrou-se na incerteza sobre o futuro. Ainda não estava fechado o acordo
sobre o quadro financeiro plurianual e o Programa Next Generation EU, nem havia vacina contra o vírus
SARS-CoV-2, acentuava-se a crise económica e social e Portugal preparava-se para assumir a Presidência do
Conselho, definindo cinco prioridades sob o lema «Tempo de agir: por uma recuperação justa, verde e digital»
— e agiu.
A esta distância e contra as críticas e dúvidas existentes na oposição, a Presidência portuguesa pôde
contribuir, de forma decisiva, para as novas etapas da Europa, consubstanciadas no discurso e na carta de
intenções que antecipa o programa de trabalhos da Comissão Europeia para 2022.
No domínio da saúde, sob a Presidência portuguesa, foram dados os primeiros passos no projeto da
construção de uma União Europeia de saúde e que, há duas semanas, viu concretizada uma das suas
principais componentes, nomeadamente o lançamento da autoridade europeia de preparação e resposta a
emergências sanitárias.