I SÉRIE — NÚMERO 6
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Foi aprovado, em tempo record, o Certificado Digital COVID, da União Europeia, o que permitiu à
Presidente da Comissão Europeia, no seu balanço sobre a União, congratular-se por terem sido emitidos mais
de 400 milhões de certificados em toda a Europa.
Mais importante, ainda, foi termos iniciado o processo de vacinação, chegando aos dias de hoje com 70%
da população adulta europeia vacinada e encontrando-se Portugal a atingir a meta dos 85%, o que permite à
Comissão Europeia colocar, agora, como primeira prioridade no seu programa a aceleração da vacinação a
nível mundial, uma vez que a União Europeia dispõe de 1800 milhões de doses adicionais, garantidas para
quando for preciso administrar doses de reforço para nós, europeus, mas também para a nossa vizinhança.
Do discurso da Presidente von der Leyen, destaca-se o tema que designou como boa notícia, referindo ao
Programa Next Generation EU, que permitirá agora, e cito, «investir tanto na recuperação a curto prazo como
na prosperidade a longo prazo».
Em boa hora a Presidência portuguesa colocou como sua primeira prioridade a resiliência da Europa,
assente em dois planos: o da economia e coesão social, de um lado, e do outro lado, o plano dos valores, pois
foi sob a Presidência portuguesa que, logo em fevereiro, o Primeiro-Ministro assinou e houve a aprovação
formal do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, permitindo que hoje, por toda a União, sejam financiados
os planos nacionais de recuperação dos Estados-Membros.
Importa aqui sublinhar a lição que a Presidente da Comissão refere no seu discurso sobre o estado da
União: o esforço financeiro feito para apoio a trabalhadores, a famílias e a empresas europeias para suster a
crise económica e social decorrente da pandemia provou que é esse o caminho e não o da austeridade, do
desemprego, dos cortes salariais, para que a crise das dívidas soberanas nos empurrou e de que só
recuperámos oito anos depois. A própria Comissão Europeia reconhece que, afinal, havia alternativa.
No plano dos valores, foi também tempo de agir. Nesse domínio, Portugal agiu, ao desbloquear um
processo parado há mais de dois anos, procedendo à audição da Polónia e da Hungria, tal como lançou
definitivamente a Conferência sobre o Futuro da Europa, apesar de alguma posição — cá e no Parlamento
Europeu — vaticinar que o Governo português seria incapaz de o concretizar ou, pior ainda, não o queria
concretizar.
Hoje, a Conferência encontra-se em velocidade cruzeiro. Permita-me, Sr. Presidente, saudar o Sr.
Presidente da Assembleia da República e o Sr. Presidente da Comissão dos Assuntos Europeus, o nosso
colega Luís Capoulas Santos, pelo seu fortíssimo empenho e contributo, reconhecido pelos seus pares
europeus, para o sucesso da Conferência sobre o Futuro da Europa.
Não posso deixar de assinalar, ainda, a relevância que a Presidência da Comissão atribuiu, no seu
discurso, ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que só na voz da nossa oposição a Presidência portuguesa
não logrou obter, na Cimeira do Porto, mais do que uma mera declaração de intenções. Pois bem, hoje, o
cumprimento dos objetivos definidos na Cimeira do Porto constitui um dos pilares de avaliação dos programas
nacionais de recuperação e resiliência e o seu desenvolvimento é uma meta do programa da Comissão para
2022.
Sr. Ministro, os pilares estão lançados. Agora, é preciso iniciar a execução, lançar o tempo — e estamos no
tempo da concretização. Um dos maiores desafios que hoje se coloca à União Europeia é a construção da sua
capacidade de resiliência, a sua autonomia estratégica, que acompanha o processo de recuperação
económica.
Sr. Ministro, a questão que gostaria de lhe colocar vai no sentido de saber de que forma podemos
assegurar que as pequenas e médias empresas, vitais para as nossas economias, serão um motor da
recuperação económica e da reindustrialização europeia, garantindo o nosso crescimento e a nossa
autonomia em setores estratégicos para Portugal e para a União Europeia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Ainda no tempo do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brás, para uma intervenção.