I SÉRIE — NÚMERO 26
20
Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Duarte Cordeiro): — Cada centro de saúde é uma provocação ao PSD! Isso vai dar um cartaz de campanha fantástico!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, as perguntas e as respostas têm leituras políticas. As não-perguntas e as não-respostas têm, igualmente, leituras políticas. Portanto, ficamos por aqui.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — O PSD não sabe responder!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, vamos continuar o debate, porque é disso que as pessoas que estão interessadas na área da saúde querem que falemos e não que falemos de questões
adjacentes.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Maló de Abreu, do PSD, para pedir esclarecimentos à Sr.ª Ministra da
Saúde.
O Sr. António Maló de Abreu (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, queria começar por cumprimentar o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, porque a Sr.ª Ministra precisou de uma guarda pretoriana
de 17 perguntas quase infantis.
Protestos do PS.
Desde Aljubarrota que não via uma tal desproporção de forças!
Risos.
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — São 18 distritos, é de pessoas que falamos!
O Sr. António Maló de Abreu (PSD): — Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, permitam-me que faça, aqui e agora, um profundo e sentido apelo à liberdade, ou seja, ao meu inalienável direito de dizer a toda a gente aquilo que
V. Ex.ª e a bancada do Partido Socialista não querem ouvir, insuportáveis verdades. Nada como cada um de
nós estar em paz com a certeza de que o melhor de nós nunca dependeu do pior de si, de outro nem de ninguém.
A senhora está como ministra há mais de três anos e o Partido Socialista está no Governo há já seis anos
consecutivos. Assim sendo, já não é tempo de mais promessas por cumprir nem de desculpas datadas. Hoje é
tempo de balanço.
Nos últimos anos, de Bragança ao Algarve, multiplicaram-se os hospitais em estado de calamidade, onde
faltam profissionais de saúde, onde se demitem dirigentes, onde são más as condições de trabalho, onde os
doentes se amontoam em urgências e os tempos de espera para consultas e cirurgias equivalem a autênticas
condenações.
Nos últimos dois anos, a quebra de atividade assistencial do Serviço Nacional de Saúde foi pior do que
trágica, como comprovam os números recolhidos num estudo independente a partir dos dados do portal do
Serviço Nacional de Saúde.
Sr.ª Ministra, é ou não verdade que houve menos 2,8 milhões de contactos hospitalares entre consultas
presenciais, cirurgias programadas e episódios de urgência? É ou não verdade que há mais de 200 000
portugueses em lista de espera para cirurgia? É ou não verdade que houve menos 26 milhões de exames de
diagnóstico e terapêutica realizados? É ou não verdade que houve menos 4422 cancros diagnosticados?
Sr.ª Ministra, a verdade não é facultativa e não desaparece ou se esfuma com um abanar de cabeça mudo,
como fez V. Ex.ª durante o último debate nesta Câmara com o Sr. Primeiro-Ministro quando a interpelei a
propósito da promessa por cumprir de todos os portugueses terem um médico de família. Estamos a mais de 1
milhão de portugueses de distância.