I SÉRIE — NÚMERO 26
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Ministérios da Saúde e do Ambiente tenham conseguido encontrar soluções comuns para a proteção da sua
saúde.
Também na freguesia de Fradelos as pessoas vivem numa autêntica prisão domiciliária, devido aos odores
e aos impactos de uma mega exploração pecuária, isto quando o Ministério da Pecuária, desculpe, o Ministério
da Agricultura, quer ainda ampliar esta exploração.
Da mesma forma, no centro da cidade do Porto, as pessoas não conseguem ter o direito ao descanso, fruto
do ruído causado pelos camiões de recolha de resíduos.
Estes são exemplos do caminho que é necessário fazer a nível da interoperabilidade entre os vários
ministérios, que não podem estar de costas voltadas. A política pública de Uma Só Saúde, efetivamente, tem de
tornar-se uma realidade no nosso País. Portanto, perguntamos à Sr.ª Ministra para quando uma política de Uma
Só Saúde no nosso País.
Em segundo lugar, gostaria de trazer outro assunto. De facto, deparamo-nos com desafios enormes devido
ao facto de a nossa população viver mais anos — ainda bem! —, mas, evidentemente, tal faz com que seja
necessário alocar mais recursos atempados e suficientes às respostas de saúde. De facto, é urgente que todas
as pessoas que vivam em Portugal tenham acesso a médico de família e a equipas de saúde familiar. É urgente
que tenham acesso a consultas essenciais, como estomatologia, medicina dentária, psicologia ou oftalmologia.
Sr.ª Ministra, estas especialidades que referi têm listas de espera de mais de dois anos. Portanto, perguntamos:
até quando?
É preciso garantir que as pessoas e os profissionais tenham condições dignas, em vez das salas de espera,
por exemplo, da Urgência Metropolitana de Psiquiatria do Porto, nas quais se juntam doentes e familiares, num
processo que pode demorar mais de 24 horas, sem condições adequadas para doentes agitados. As sucessivas
demissões de direções hospitalares e a escusa da responsabilidade de centenas de profissionais que não
encontram condições para a realização do seu trabalho são sinais alarmantes para percebermos que a saúde
em Portugal precisa de ajuda.
Sr.ª Ministra, é verdade que vivemos há quase dois anos uma catástrofe sanitária e social sem precedentes,
mas é também verdade que o SNS, com os seus profissionais, de forma sobre-humana e com enorme sacrifício
pessoal e familiar, muitas vezes impossíveis de calcular, conseguiu salvar dezenas de milhares de vidas. Tudo
lhes foi pedido, mas muito lhes foi negado. Puseram em risco as suas próprias vidas e ficaram marcados de
forma irreversível, mas, Sr.ª Ministra, falta o reconhecimento destes profissionais. Para quando uma revisão das
tabelas salariais com vista a uma remuneração justa e a condições dignas de trabalho? Gostaríamos de obter
um esclarecimento da Sr.ª Ministra nesta matéria.
Por fim, para concluir, gostaríamos de trazer um caso recente que nos parece inaceitável: uma mãe, de 47
anos, professora, morreu de doença oncológica e deixou um bebé, mas estava à espera há ano e meio de um
atestado médico de incapacidade multiuso. Este é, de facto, um exemplo gravíssimo do que não pode acontecer.
Sabemos que são situações injustas e incompreensíveis e sabemos que há centenas de processos destes por
resolver. Apesar da prorrogação de prazos de atestados já emitidos, o atraso na emissão de novos atestados
pode demorar até dois anos. Portanto, Sr.ª Ministra, queremos saber quando é que o acesso ao atestado
multiuso vai, de facto, ser célere no nosso País.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, não fez um pedido de esclarecimento, fez uma intervenção e, por isso, esgotou o tempo de que dispunha.
Sr.ª Deputada Mariana Silva, do PEV, tem a palavra.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o tema que hoje temos em debate está no centro das preocupações dos portugueses. Por isso, cumprimentamos o
PSD pela iniciativa, ainda que saibamos que o seu objetivo não é propriamente o de valorizar o Serviço Nacional
de Saúde.
Por isso, desde já, queremos deixar claro que as opiniões e críticas que hoje trazemos visam a defesa do
Serviço Nacional de Saúde e o seu reforço e em nada se confundem com as operações para a sua destruição
e para a entrega das partes rentáveis à voragem do lucro pelos grupos privados.