16 DE MARÇO DE 2022
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de 24 de fevereiro, pude igualmente condenar sem qualquer contemplação a agressão russa e apelar ao
cessar-fogo imediato e à abertura de negociações entre as partes.
Nada, nenhum argumento histórico, geoestratégico ou qualquer outro que alguns atores políticos ou
pretensos fazedores de opinião têm tentado invocar para branquear a ação repugnante do regime russo, pode
justificar a barbárie a que, impotentes, assistimos há 20 longos dias e que terá consequências diretas
desastrosas para a Ucrânia e consequências indiretas para a Europa e para o mundo, algumas das quais
começam já a ser sentidas entre nós.
Relativamente ao Conselho Europeu de 24 de fevereiro e ao Conselho informal de 11 e 12 de março, que
são objeto do nosso debate de hoje, além de agradecer as informações que o Sr. Ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros acaba de nos prestar, queria felicitar o Governo, não só pela sua conduta firme,
responsável e cooperante na frente europeia, mas também pela forma como, internamente, quer no plano
institucional, entre órgãos de soberania, quer no relacionamento interpartidário e com a sociedade civil, tem
procurado dar expressão ao sentimento geral dos portugueses, cuja generosidade e cujo espírito solidário
foram, uma vez mais, demonstrados.
Gostaria, ainda, de deixar uma palavra de apreço pela postura revelada pela grande maioria das forças
políticas portuguesas ao longo desta crise. O Grupo Parlamentar do Partido Socialista regista como muito
positiva a reação rápida e eficaz e a unidade demonstrada pela União Europeia, não só na extensão das
sanções — que não estão, seguramente, esgotadas — aplicadas ao agressor e ao seu cúmplice principal, mas
também no apoio humanitário e material, incluindo militar, à Ucrânia e, sobretudo, no acolhimento de
refugiados.
Insisto, uma vez mais, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, na necessidade de
continuarem a ser levados a cabo todos os esforços diplomáticos no sentido de um rápido cessar-fogo e de
apoio a todas as negociações em curso para se encontrar uma solução de paz duradoura.
Coloco-lhe, assim, Sr. Ministro, as seguintes questões: em face da situação concreta com que estamos
confrontados, quais as respostas imediatas que a União Europeia deve ainda adotar para amortecer, tanto
quanto possível, os impactos negativos nos setores mais expostos, como são os da energia e da alimentação?
Sei que o Sr. Ministro fez uma referência geral, mas ficar-lhe-ia grato se pudesse ser um pouco mais
detalhado.
Perante as preocupantes notícias, que espero que se refiram apenas a casos isolados, de eventuais atos
de violência sexual sobre mulheres refugiadas ou de tráfico de crianças, gostaria que o Sr. Ministro nos
pudesse dizer se a União Europeia está a fazer tudo o que é possível para prevenir tais atos, ainda que os
principais mecanismos de controlo sejam, obviamente, da responsabilidade dos Estados de passagem e de
destino.
Como dizia no início da minha intervenção, independentemente do que venha a suceder num futuro
próximo, o mundo, e a Europa em particular, não voltará a ser o que era há 20 dias. Sobre as ruínas da
Ucrânia não deixará de emergir uma nova ordem internacional, o que implica uma urgente reflexão sobre as
prioridades estratégicas da União e, ao que sei, tal constitui o prato principal da agenda do próximo Conselho
Europeu, previsto para os dias 24 e 25 de março.
Sr. Ministro, uma vez que, dado o atual contexto, não será possível realizar o habitual debate pré-
Conselho, gostaria de saber se nos poderá adiantar algo sobre o posicionamento do Governo português, além
das candentes questões da energia e da alimentação já referidas, particularmente sobre as incontornáveis
questões da segurança e da defesa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PSD, a Sr.ª Deputada Isabel Meireles.
A Sr.ª Isabel Meireles (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Sr.as e Srs. Deputados: A invasão militar da Ucrânia constitui o maior terramoto histórico na Europa desde a II
Guerra Mundial. É a provação mais pungente à segurança e à estabilidade europeias, a maior tentativa de
destruição dos seus valores e, também, um abalo às nossas consciências, na medida em que nenhum homem