I SÉRIE — NÚMERO 10
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Homenageamos os militares de Abril e o Movimento das Forças Armadas, a quem se juntaram as massas
populares, concretizando a Revolução e as suas conquistas de grande alcance.
Há quem procure branquear o que foi o fascismo. Não o permitiremos e lembramos a natureza do regime
fascista — a corrupção como política de Estado, por via da fusão do poder político com o poder económico,
sustentado nos monopólios e nos latifúndios, o saque dos recursos nacionais a favor daqueles interesses, a
acumulação de colossais fortunas por uma meia dúzia de ricos e poderosos, enquanto para o povo era a pobreza
e a miséria, a negação das liberdades, o analfabetismo, a falta de cuidados de saúde, o colonialismo, o racismo,
a guerra, a discriminação das mulheres. Não deixamos que se esqueça, para que nunca mais volte!
Há quem procure desvirtuar o conteúdo e significado do 25 de Abril. Contra as perversões e falsificações
históricas, celebramos a Revolução que assumiu como objetivos instaurar um regime democrático, liquidar o
poder dos monopólios, promover o desenvolvimento económico geral e a reforma agrária, entregando a terra a
quem a trabalha, elevar o nível de vida das classes trabalhadoras e do povo em geral, democratizar o acesso à
educação e à cultura, afirmar a independência nacional, libertar Portugal do imperialismo, prosseguir uma
política de paz e de amizade com todos os povos. Tudo isto consagrado na Constituição, aprovada em 2 de abril
de 1976, apesar dos propósitos e atentados das forças reacionárias para o impedir.
Nestas quase cinco décadas, houve sempre quem não se conformasse com as conquistas de Abril e tenha
procurado limitar e reduzir o seu alcance, dificultar a sua concretização e impor retrocessos, num verdadeiro
ajuste de contas com Abril.
Em resultado da política de direita, da submissão às imposições da União Europeia e da subalternização dos
interesses nacionais aos dos grupos económicos, as condições de vida agravam-se.
O descarado aproveitamento da guerra e das sanções como pretexto para maior acumulação de lucros exige
uma firme e determinada intervenção, que enfrente os interesses dos grupos económicos para defender o povo
e o País. No entanto, o Governo PS e os partidos à sua direita recusam essa resposta e insistem em impor aos
trabalhadores e ao povo que paguem a fatura da guerra e das sanções.
A tentativa de imposição do pensamento único, o levantamento de novas censuras, a hostilização de quem
livremente emite opinião divergente daquela que é ditada pela ideologia dominante são perigosos elementos de
ataque ao regime democrático e, por isso, têm como alvo os seus mais firmes defensores, os comunistas e
outros democratas, visando silenciar a sua intervenção.
Ouvem-se hoje, por aí, velhas ideias, mascaradas de modernas, com o objetivo de subverter o regime
democrático e de liquidar a Constituição, submetendo-a aos dogmas liberais, em benefício dos grupos
económicos e do seu domínio, atacando direitos e impondo mais exploração e empobrecimento aos
trabalhadores e ao povo.
O que se impõe é concretizar os direitos que a Constituição inscreve e que constituem o rumo necessário
para um Portugal com futuro.
As conquistas, valores e ideais de Abril são a solução para os problemas atuais e para o futuro do nosso
País.
A luta dos trabalhadores e do povo por melhores salários e pensões, pelo reforço dos direitos, pela proteção
social, pelo Serviço Nacional de Saúde, pela escola pública, pelo direito à habitação, à cultura, aos transportes,
à segurança, pela igualdade, pela proteção do ambiente é a luta pela política alternativa, é a luta por Abril.
Abril é património do povo português, mas nem todos foram obreiros na sua construção. Cabe a todos os
democratas defendê-lo.
Da parte do Partido Comunista Português, com o exemplo de 100 anos de luta ao serviço do povo e da
Pátria, contra tentativas de intimidação, reafirmamos o compromisso, de hoje e de sempre, contra o fascismo e
a guerra, pela paz, a liberdade, a democracia, a justiça social, pelos valores de Abril na vida das crianças, dos
jovens, dos trabalhadores, do povo português, com uma inabalável confiança no futuro.
Ao comemorarmos Abril, evocamos a sua realização, mas, sobretudo, projetamos as suas conquistas e
valores na construção de um Portugal desenvolvido, de progresso, de paz e soberano, porque Abril é mais
Futuro!
Aplausos do PCP e do Deputado do BE Pedro Filipe Soares.