I SÉRIE — NÚMERO 14
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Vozes do CH: — Fascista!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Espero que todo este tempo seja descontado, Sr. Presidente.
Protestos do CH.
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Não estamos no campo de férias!
O Sr. Presidente: — A Sr.ª Deputada pode ter a certeza de que, enquanto eu estiver aqui, vai ter condições
para se exprimir e terá o tempo necessário para se exprimir, porque esta é uma Casa democrática e os trabalhos
são dirigidos por mim e por mais ninguém neste Hemiciclo.
Portanto, vamos esperar tranquilamente que haja silêncio e a Sr.ª Deputada pode fazer o favor de retomar a
sua intervenção.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, 25 milhões de euros por dia. Sim, 25
milhões de euros por dia foram os lucros dos principais grupos económicos nos primeiros meses de 2023.
Enquanto o grande capital concentra cada vez mais riqueza, os trabalhadores, os reformados, os jovens e o
povo vivem com dificuldades. Esta é a realidade de um País cada vez mais desigual e injusto, em que a riqueza
de uma meia dúzia acontece à custa das privações de milhões de portugueses. Para uns, nunca esteve tão
bom, mas, para a esmagadora maioria, a vida está pior, bem pior.
Esta situação não é obra do acaso; ela resulta das opções do Governo do PS, acompanhado pelo PSD, pelo
CDS, pela Iniciativa Liberal e pelo Chega, que se recusam a beliscar um euro que seja dos lucros destes grupos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — É ver as opções de favorecimento dos senhores do dinheiro, com novos
benefícios fiscais que acrescem aos que já existem; o prosseguimento das privatizações, como são exemplo a
TAP, a Efacec, ou as PPP (parcerias público-privadas); ou a transferência direta de dinheiros públicos para os
grupos privados, como é exemplo o que acontece na saúde.
O Sr. João Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Tudo é pretexto para desviar recursos públicos que deveriam ser mobilizados
para os salários e para as pensões, para o reforço dos serviços públicos.
Enquanto isto, os trabalhadores empobrecem a trabalhar; os reformados, que trabalharam uma vida inteira,
têm baixas reformas; os jovens veem negado o seu futuro.
Há cerca de três milhões de trabalhadores com salários brutos inferiores a 1000 € e cerca de 75 % dos
reformados com pensão abaixo do salário mínimo nacional, isto em contraste com os lucros colossais dos grupos
económicos.
É urgente aumentar salários e pensões, valorizar o poder de compra, fazer face ao elevado custo de vida,
com aumentos que combatam o empobrecimento e contribuam efetivamente para a elevação das condições de
vida.
É urgente aumentar os salários em 15 %, no mínimo 150 €, o salário mínimo nacional para 919 € em janeiro
de 2024, com vista a alcançar 1000 € no próximo ano, e as pensões em 7,5 %, no mínimo 70 €.
A questão, Sr. Primeiro-Ministro, é: que compromisso assume? Vai valorizar efetivamente salários e pensões
e romper com o ciclo de baixos salários e pensões que impera no nosso País, ou vai continuar a contribuir para
a acumulação de riqueza pelos grupos económicos, para mais desigualdades e injustiças?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.