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I SÉRIE — NÚMERO 34

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a 15 de janeiro e, mais uma vez, o PS e o PSD procuram fazer o que por diversas vezes tentaram e não conseguiram: entenderem-se sobre uma lei que regulamente o lobbying.

Mais uma vez, aí temos PS e PSD, Iniciativa Liberal e PAN, assim como o Chega, que apresentou a iniciativa no mesmo sentido em finais de dezembro, a querer tornar legal o tráfico de influências.

O Sr. André Ventura (CH): — Não é nada disso! Não é verdade! Vocês não percebem! O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sim, porque mesmo com mais ou menos regulamentação, a natureza do

lobbying não muda: traduz uma influência do poder económico sobre o poder político com a finalidade de condicionar a sua ação.

O Sr. André Ventura (CH): — Não é nada disso! O Sr. Duarte Alves (PCP): — É isto o lobbying, de uma maneira ou de outra, regulamentado ou não, é isto

que significa lobbying, Sr. Deputado. Aplausos do PCP. O Sr. André Ventura (CH): — Pois, é melhor às escuras! O Sr. Duarte Alves (PCP): — O lobbying deve ser combatido e não fomentado ou normalizado, deve ser

denunciado e não transformado num grande negócio para as agências de comunicação que os senhores querem fomentar.

O Sr. André Ventura (CH): — É, é…! O Sr. Duarte Alves (PCP): — Se esta legislação for aprovada, passa a haver um negócio de representação

de interesses. Um negócio em que quem vende os seus serviços, o que é que vai publicitar? O que é que vai vender? Vai publicitar e tentar vender a sua capacidade de influência sobre o poder político.

O Sr. Pedro Pinto (CH): — Como a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses)! O Sr. Duarte Alves (PCP): — «Contratem a minha agência, porque temos as pessoas certas para influenciar

as decisões políticas.» Os amigos dos amigos, os facilitadores, os contactos privilegiados para favorecer interesses económicos,

numa palavra, a venda de influências, deixa de ser algo condenável e passa a ser algo perfeitamente legal e até um lucrativo negócio.

O Sr. Filipe Melo (CH): — Duarte Alves, 1917! O Sr. Duarte Alves (PCP): — E, tal como o Chega em dezembro, o que o PS, o PSD, a Iniciativa Liberal e o

PAN fazem com estas iniciativas é um enorme favor ao sistema de interesses que vive à custa da promiscuidade, porque querem, à boleia dos casos que vieram a público, passar uma esponja sobre as reais causas desses fenómenos de promiscuidade e de corrupção, reais causas essas que estão na entrega de setores estratégicos ao grande capital, setores que, precisamente por serem estratégicos, estão altamente dependentes de decisões políticas, como é o caso da energia ou dos recursos minerais como o lítio.

São, por isso, setores que já fazem lobbying até para que esta lei seja aprovada e que querem que o que hoje fazem contra a lei continue a ser feito, mas ao abrigo da lei.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!