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30 DE JANEIRO DE 1997

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Cova da Iria já não seja um conjunto de barracas de madeira à beira da estrada distrital (Dr. Luís Fisher, Fátima a Lourdes Portuguesa, Lisboa, 1930), está longe de se transformar numa vila harmoniosa onde o peregrino encontre o equilíbrio entre a cidade barulhenta e o local de recolhimento e tranquilidade espiritual por que suspira.

Com a entrada em vigor do novo plano de urbanização já devidamente aprovado, este aspecto está devidamente resguardado.

O abastecimento de água constituiu a maior preocupação de todos os intervenientes na vida urbana de Fátima, desde as autoridades do Santuário, às autarquias, hoteleiros, peregrinos e simples moradores. Considerado solucionado em 1967, o problema da falta de água subsistiu, mesmo depois de a Câmara de Ourém ter introduzido melhoramentos no sistema de abastecimento e distribuição domiciliária.

A pedido da Câmara Municipal, o Governo interveio, conjuntamente com a EPAL (Empresa Pública das Aguas de Lisboa), tendo o grave problema de abastecimento de água sido definitivamente solucionado em 1994.

Em 1994 é lançada a ideia de organizar o processo do pedido para a criação, pelo Governo, de um concelho em Fátima.

Em 1977 —ano de elevação a vila— existiam cerca de 3000 pessoas de população fixa e 7012 de população flutuante.

Em 1988 a população fixa de Fátima era de cerca de 5058 habitantes. Como população semifixa havia 6800 pessoas (estudantes, professores, etc.). A população dos restantes lugares da freguesia era de 3284 pessoas. Actualmente á população ronda os 17 000 habitantes, dos quais 7173 são residentes, com 6470 eleitores e uma área de 71 290 km.

Fenómeno religioso

Em Fátima situa-se um centro de peregrinação extremamente importante para o mundo católico.

A Cova da Iria nasceu num descampado, onde em 1917 se deram as aparições de Nossa Senhora. Desenvolveu-se devido ao 'contínuo fluxo de pessoas cujas funções se foram multiplicando, embora continuem em lugar de destaque as que se ligam ao fenómeno religioso, que começou quando três crianças naturais de Aljustrel (pequeno lugar da freguesia de Fátima) apascentavam um rebanho numa propriedade chamada Cova da Iria. Chamavam-se Lúcia de Jesus, Franc¡sca e Jacinta Marto, de 10, 9 e 7 anos. Sobre urna' azinheira avistaram uma luz envolvendo uma senhora que lhes falou, pedindo-lhes para rezarem e convidando-os a voltarem nos meses seguintes. Assim fizeram nos dias 13, de Junho a Outubro, data da última visão, à qual assistiram cerca de 7000 pessoas. Em Agosto, a aparição teve lugar no sítio dos Valinhos, próximo de Aljustrel.

Para assinalar o local das aparições construiu-se um arco de madeira com uma cruz. A pequena árvore, a pouco e pouco, foi desaparecendo, levada pelos peregrinos. Em 6 de Agosto de 1918, com as esmolas dos fiéis, iniciou-se a construção de uma pequena capela em homenagem a Nossa Senhora, feita de pedra e cal coberta de telha, com 3,30 m de comprimento, 2,80 m de largura e 2,85 m de altura.

Foi a primeira construção do actual recinto de oração.

As manifestações religiosas passaram a realizar-se mensalmente, mas só a 13 de Outubro de 1930, em resultado do relatório apresentado pela comissão canónica

nomeada em 1922, o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, na sua pastoral A Divina Providência, afirmava em conclusões:

1 — Havemos por bem declarar, como dignas de crédito, as visões das crianças na Cova da Iria, freguesia de Fátima, desta diocese, nos dias 13 de Maio a Outubro.

2 — Permitir oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.

O Santuário possui hoje não só um vasto conjunto de edifícios como também um amplo recinto ao ar livre, com a área de 86 400 m, que comporta cerca de 300 000 pessoas. O centro da actividade é, para além da Capelinha das Aparições, a Basílica, cuja primeira pedra foi benzida a 13 de Maio de 1928 pelo arcebispo de Évora, D. Manuel da Conceição Santos. Sagrada a 7 de Outubro de 1953, recebeu o título de basílica a 12 de Novembro de 1954, dada pelo Papa Pio XE no breve Luce Superna. O projecto é do arquitecto holandês Gerard Van Kriechen. O edifício foi totalmente construído com pedra da região (Moimento) e os altares são de mármore de Estremoz. Mede 70,50 m de comprimento e 37 m de largura. Tem 15 altares, comemorativos dos 15 mistérios do rosário. Na capela lateral esquerda repousam os restos mortais de Jacinta e na capela lateral direita repousam os restos mortais de Francisco.

A importância do turismo religioso

Fáüma é visitada anualmente por multidões de peregrinos, cujo cálculo se estima aproximadamente em 4 milhões. Não só nos dias 12 e 13 dos meses de Maio a Outubro, como no dia-a-dia, sobretudo nos fins-de-semana da época, de Verão, muitos milhares de pessoas sc congregam no vasto recinto do Santuário.

Para acolhimento destes milhares de pessoas, Fátima dispõe de inúmeros hotéis, pensões, residenciais e casas particulares. As casas religiosas e os seminários fazem também o acolhimento de peregrinos.

O Santuário mantém abertas ao acolhimento de peregrinos duas casas de retiros (uma delas destinada especialmente a doentes) e ainda o Centro de Acolhimento Paulo VI, anexo ao Centro Pastoral.

Para atendimento desta população o centro urbano dispõe . de muitos estabelecimentos comerciais e de serviços sociais.

Devido à grande concentração de seminários em Fátima, um grande número de alunos (seminaristas) do Norte do País vem frequentar o ensino secundário, nomeadamente no CEF.

De entre as inúmeras individualidades que visitaram o Santuário, salientam-se: João XXIII, que o visitou ainda como cardeal de Veneza em 13 de Maio de 1956 (cardeal Roncalli); Paulo VI, «Peregrino de Fátima», em 13 de Maio de 1967, aquando do cinquentenário das aparições, que concedeu a Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima em 13 de Maio de 1965 e renovou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, a 21 de Novembro de 1964. Em 13 de Maio de 1977 mandou como enviado especial o cardeal Medeiros, na comemoração do 60.° aniversário das aparições e 10.° da peregrinação papal; cardeal Albino Luciani, futuro Papa João Paulo I, que veio a Fátima como cardeal de Veneza, em 19 de Julho de 1977; Papa João Paulo II, que veio a Fátima como peregrino, a 12 e 13 de Maio de 1982, agradecer a Nossa Senhora ter--lhe salvo a vida no atentado de 13 de Maio de 1981, perpetrado na Praça de São Pedro, e voltou à Cova da Iria