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5 DE MARÇO DE 1998

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radas pelo mestre Mónica, entre outros, face à situação de dependência perante Ílhavo, incapaz de responder ao dinamismo de uma freguesia em desenvolvimento acelerado. Duas ideias se colocaram nesta fase: a transferência da Gafanha da Nazaré do concelho de Ílhavo para o de Aveiro, com muitos notáveis da capital de distrito a pugnar por ela, e a da criação do concelho das Gafanhas, mais do agrado das nossas gentes.

Aveiro sempre foi, muito mais do que Ílhavo, um parceiro privilegiado em termos económicos, havendo grandes fluxos diários, em ambos os sentidos, de trabalhadores entre essa cidade e a Gafanha da Nazaré. Também sempre foi a Aveiro que se deslocavam os habitantes da Gafanha da Nazaré para fazer compras ou usufruir de actividades culturais. A Ílhavo, os Gafanhões só iam por obrigação, por exemplo à repartição de finanças.

Desde a década de 70, o crescimento acelerado da Gafanha da Nazaré evidenciou a incapacidade ou falta de vontade da Câmara Municipal de Ílhavo de ordenar um correcto desenvolvimento desta terra, vila desde 1969.

Um certo caos urbanístico, que alguns apontam como uma limitação a mais altos voos, dá aos defensores da ideia da criação do concelho mais argumentos: só uma câmara municipal com um verdadeiro amor a esta terra poderá ter a coragem e a capacidade de promover as acções necessárias à requalificação urbanística da Gafanha da Nazaré e ao planeamento atempado das outras freguesias do futuro concelho.

De tudo o que atrás se refere, conclui-se que a inclusão de parte das Gafanhas no concelho de Ílhavo nunca passou muito além do papel do decreto. É um concelho artificial que não radica numa origem comum nem numa prática de trabalho conjunto.

O concelho de Ílhavo é um concelho estranho: na cidade de Ílhavo estão sediados os serviços que existem por inerência da sua condição de sede de concelho; na Gafanha da Nazaré existem aqueles que, de algum modo, dependem da iniciativa das gentes do concelho, como, por exemplo, a rádio concelhia — Rádio Terra Nova, o Centro de Formação das Escolas do Concelho de Ílhavo— CFECI ou o Clube do Mar Delta Vouga.

As Gafanhas, e em especial a Gafanha da Nazaré, têm--se desenvolvido à custa da iniciativa das suas gentes, apesar de uma grande dose de indiferença da sede de concelho, que algumas infra-estruturas realizadas nos últimos anos não são suficientes para disfarçar.

Factores geográficos

A península da Gafanha é uma língua de areia cercada pela água da ria dos lados norte, este e oeste e ligada, a sul, a Vagos e Mira.

Paralela a esta península existe uma outra geneticamente ligada à primeira e que constitui um cordão dunar entre Mira e a abertura da Barra — um canal aberto e fixado artificialmente em 1808— de passagem entre a ria e o mar. Neste cordão dunar situam-se a Costa Nova e a Barra, povoações pertencentes, respectivamente, às freguesias da Gafanha da Encarnação e Gafanha dà Nazaré, com actividade virada essencia/mente para o turismo, ainda que na Costa Nova a pesca continue a ter um papel de relevo na economia local.

A norte da «boca da Barra» fica São Jacinto, freguesia do concelho de Aveiro. A nascente ficam as cidades de Aveiro e Ílhavo, separadas da península da Gafanha por um importante canal da ria designado «Cale da Vila», geralmente (e erradamente) designado por rio Boco.

Os terrenos da península da Gafanha e do cordão dunar onde se situam as praias da Barra e da Costa Nova são arenosos e de deposição recente em termos geológicos e mesmo históricos. Ao contrário, em Aveiro e Ílhavo predo^ minam os terrenos argilosos, que deram origem a diversas indústrias cerâmicas.

Factores demográficos

De acordo com o Censo de 1991, o concelho de Ílhavo teria então 33 034 residentes, distribuídos como se refere no quadro seguinte. O número de eleitores, tal como consta da actualização de 1996, era o constante no mesmo quadro:

Freguesias

População residente (dados de 1991)

Eleitores (dados de 1996)

Gafanha da Encarnação..................................

Gafanha da Nazaré........................................

5 055 II 521

1 359 15 099

3819 10 228

1 267 12 559

Gafanha do Carmo..........................................

Ílhavo (Sâo Salvador).....................................

Total concelhio.................

33 034

27 873

Percebem-se melhor estes números, enquadrados na realidade do distrito de Aveiro.

Neste distrito, actualmente com 19 concelhos, é o seguinte o panorama das freguesias com mais de 10 000 eleitores. Os dados são de 1996:

Concelho:

Agueda — 0; Aveiro — 0;

Albergaria-a-Velha — 0; Castelo de Paiva — 0; Anadia — 0; Espinho — 1; Arouca — 0; Espinho — 1 (11 392); Estarreja 0; Ílhavo 2;

Ílhavo (São Salvador)—12 559; Gafanha da Nazaré — 10 228;

Mealhada — 0;

Murtosa — 0;

Oliveira de Azeméis — 0;

Oliveira do Bairro — 0;

Ovar — 1 (11 884);

Santa Maria da Feira — 0;

São João da Madeira — 1 (11 392);

Sever do Vouga — 0;

Vagos — 0;

Vale de Cambra — 0

Evolução do número de eleitores, por freguesia

"VER DIÁRIO OPRIGINAL"

—♦— Gafanha da Encarnação —A— Gafanha do Carmo. —O— Gafanha da Nazaré  —*- Ílhavo (S3o Salvador).