O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1339 | II Série A - Número 032 | 08 de Abril de 2000

 

depósitos de sal. Assim sendo, e salvo melhor explicação, justifica-se desta maneira o topónimo São Félix da Marinha.
Em 1758, o reitor de São Félix da Marinha, Padre Manuel Martins de Moraes noticiava a existência de "seiscentas e doze pessoas maiores, e cento e dez pessoas menores", distribuídas por 12 lugares e que "recolhem os moradores desta freguesia em maior abundância he milho grande, que ainda não chega para o sustento delles, em algum trigo, e senteyo, mas pouco". Apesar da não existência de um porto, devido à bravura da costa "sahem e entram barcos com redes dos pescadores, (...) que trazem muntas qualidades de peixe, com maior abundância he sardinha no tempo della". O mesmo reitor relatava também a existência do rio das Cabras (em Brito), que apesar de não ser rio "capaz de embarcaçoens não só por ser de poucas agoas, mas porque todo he cheio de pedras", era no entanto rico em pescaria, trutas e barbos, e na "munta quantidade de Moinhos".
Dos lugares da freguesia, o da praia da Granja é sem dúvida o que mais se destaca da história desta freguesia. Os Cónegos Regrantes do Patriarca Santo Agostinho do Real Mosteiro de São Salvador de Grijó (vulgarmente chamados frades agostinianos ou simplesmente Crúzios), construíram a chamada Quinta da Granja, mais tarde Quinta dos Ayres e hoje conhecida como Quinta do Bispo, para ali se poderem instalar e, por estarem perto do mar, criarem a sua "praia de banhos".
Em 31 de Dezembro de 1860, Fructuoso José da Silva Ayres, um importante negociante de exportação de vinhos, adquiriu a referida quinta, tendo nela fixado a sua residência. A este homem se deve a restauração do velho casarão, aos melhoramentos em todas as propriedades e, por fim, à ideia de fundar uma praia de banhos.
Com a ligação da linha do caminho de ferro entre Santa Apolónia e Devesas, em 4 de Julho de 1864, e a construção da estação dava-se o primeiro passo para aquela que "É a mais graciosa, a mais fresca, a mais asseada das estâncias balneares de recreio do nosso País". Assim escreveu Ramalho Ortigão no seu folheto "Praias de Portugal".
Em 22 de Julho de 1866 é inaugurada a capela de Santa Cruz, mandada construir por Fructuoso Ayres.
Em 1869 manda construir a "casa da assemblêa", destinada ao convívio dos veraneantes e para aluguer de quartos.
Em 8 de Agosto de 1876 é inaugurada a "Nova Assemblêa" denominada de "Companhia da Assemblêa da Granja", sociedade anónima de responsabilidade limitada, e da qual Fructuoso Ayres é primeiro presidente.
A 9 de Setembro de 1876, a Granja iria ficar definitivamente ligada à história política do País. Aqui foi assinado o célebre Pacto da Granja. Nesse pacto, os mais destacados membros de dois partidos políticos, histórico e reformista, deliberaram a fusão num só, a que chamaram progressista.
Em Julho de 1878, também pela mão de Fructuoso Ayres, que vendeu o terreno, é formada a "Sociedade do Hotel da Granja".
Por volta de 1915 a 1920 o grande entusiasmo tauromáquico levou à criação de uma praça de touros na Granja.
Em 1 de Junho de 1938, é fundada a "Piscina da Granja - Sociedade Desportiva" que origina a construção da piscina.
A par de todo este crescimento, os fidalgos construíam luxuosas moradias para veraneio. A Junta de Turismo da Praia da Granja, acompanhando toda esta onda de crescimento, construía e conservava jardins, limpava ruas e valetas, projectava e construía arruamentos. Trabalhava-se durante oito meses (Outubro a Maio) para preparar o Verão seguinte. Acabada a época balnear, a Granja adormecia.
Nos finais do século passado, os jornais de Lisboa e Porto referiam-se à Granja como sendo uma "Concha mimosa como a pétala de uma camélia... Ninho feito de púrpuras e perfumes", "a formosa praiasinha e bijou das nossas praias". Desde essa altura até à década de 60, pela Granja passaram e veranearam ilustres figuras. Desde El rei D. Luís, Sua Majestade a Rainha Senhora Dona Maria Pia acompanhada de seu filho Infante D. Afonso de Bragança, Sua Alteza o Príncipe Real D. Luiz Filipe, Mouzinho de Albuquerque, até aos escritores Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e Oliveira Martins, passando por diversas famílias da nobreza de Lisboa, Porto, Santarém, Castelo Branco e até da vizinha Espanha.
Todos eles vinham "a banhos à Granja".

Caracterização sócio-económica

A caracterização do seu espaço poderá hoje ser considerado como um misto de uma zona suburbana e semi-rural. Uma zona que outrora seria essencialmente rural, vai sendo salpicada por diversos espaços urbanos. A ocupação do solo está perfeitamente definida no PDM de Vila Nova de Gaia, onde são visíveis as zonas de RAN e REN e a zona de construção urbana.

Agricultura

A agricultura tem sido com os tempos subalternizada. Hoje, os poucos agricultores existentes dedicam-se essencialmente à agricultura de subsistência (pequenas hortas), havendo, no entanto, ainda alguns terrenos de agricultura minifundiária tratada pelos proprietários, não sendo, no entanto de realçar o emprego de mão-de-obra. Os produtos hortícolas, a batata, o milho, o feijão, são alguns dos produtos mais cultivados. Existem também com interesse de registo alguns floricultores.

Indústria

A indústria já obtém contornos significativos. Empresas de serralharia artística e de construção civil, empresas de construção civil e obras públicas, carpintarias e marcenarias, estofos, decorações e tapeçaria, restauração de móveis, tapetes de arraiolos, oficinas de reparação automóvel, hotelaria, transformação de mármores e granitos algumas delas de renome nacional, proliferam pela freguesia, conferindo a este sector o estatuto de maior empregador de mão-de-obra.
Neste sector podemos destacar as seguintes empresas:
Hotel Solverde (5 estrelas);
Prégaia (Grupo Soares da Costa) - Betão pré-esforçado;
Santos Costa & Fernandes -Serralharia de construção civil;
Magol - Fábrica de móveis;
Sousa &Vinhas - Fábrica de móveis;
Couto & Rodrigues - Estofos e decorações,
Castros - Iluminações festivas;
Carlos A. Pinto - Mármores e granitos;
Serralharia Rio - Cofres e portas fortes;
Portas Europa - Portas e grades protecção;
Jovigás - Redes de gás;
Nortuflex - Fabrico de tubos flexíveis;
Faria & Silva - Móveis de jardim;
Frical - Manuseamento de energia térmica;
Erreeme - Tapeçarias;
Semogue - Fábrica de pincéis.

Páginas Relacionadas
Página 1325:
1325 | II Série A - Número 032 | 08 de Abril de 2000   lavras, quer estejam a
Pág.Página 1325
Página 1326:
1326 | II Série A - Número 032 | 08 de Abril de 2000   b) Os grupos parlament
Pág.Página 1326