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2365 | II Série A - Número 056 | 03 de Maio de 2004

 

de Azambuja, a nascente com o concelho de Salvaterra de Magos e a poente com a freguesia de Vale da Pedra (do concelho do Cartaxo).
Com uma área geográfica de 42,3 Km2, Valada é sede da freguesia com o mesmo nome e goza de uma privilegiada localização à beira Tejo.
Situada numa planície ribeirinha do Tejo, Valada é periodicamente assolada pelas cheias do rio, não obstante a protecção do seu dique, provavelmente de origem árabe, que vai desde as Omnias, ou Ónias, até à Casa Branca. Este dique é uma obra hidráulica notável, tendo sido restaurado no reinado de D. Dinis e melhorado, mais tarde, no reinado de D. José.
Os campos de Valada foram, desde sempre, sustento para o desenvolvimento agrário. Daí que a sua principal actividade económica esteja fortemente relacionada com a agricultura.
Tanto quanto se sabe, a freguesia de Valada foi comarca da Ordem de Cristo, pertencendo à família Meneses, e teve uma feira muito antiga, talvez de origem medieval, que começava no dia de S. Bartolomeu.
Esta freguesia é composta por três significativos aglomerados populacionais: Valada, Porto de Muge e Reguengo.
A estes lugares importa acrescentar o lugar da Palhota, que se apresenta na actualidade como uma aldeia típica de pescadores - cuja familiaridade com o rio Tejo permite reconstituir a sua identidade - e constitui um velho ponto de passagem fluvial para a margem esquerda do rio.
De acordo com os dados do Censo de 1991, tinha cerca de 1100 habitantes, número que sensivelmente manteve, de acordo com os dados oficiais do Censo de 2001.
São locais recomendados para visita a Igreja Matriz, o parque de merendas, a praia com a marina fluvial e a aldeia típica da Palhota.
A beleza dos seus campos e a atracção do rio Tejo fazem com que Valada seja particularmente visitada, por muitos forasteiros, durante a tradicional quinta-feira da Ascensão, cumprindo-se assim uma tradição de muitos anos para alguns destes visitantes.
As suas principais festividades ocorrem no último domingo de Agosto.

II - Razões de ordem histórica

O rio Tejo foi, desde sempre, fundamental para Valada e para a região em que se insere, desempenhando um papel fundamental na irrigação e fertilização - em resultado das frequentes cheias - dos seus campos agrícolas, mas também como um veículo essencial para o escoamento das produções desta actividade.
Daí a importância estratégica dos portos de Valada e Porto de Muge, através dos quais, durante séculos, os produtos foram levados até Lisboa, beneficiando da navegabilidade do rio Tejo.
Até há cerca de cinquenta anos existiam em Valada uns barcos típicos - as fragatas - que eram utilizadas para o transporte de mercadorias para Lisboa, e que estiveram na origem de um prato típico da gastronomia local: a caldeirada à fragateiro.
Todavia, a origem de Valada perde-se na memória dos tempos.
Argumentam os historiadores que foram os romanos os primeiros agricultores dos campos de Valada, afirmando então que estes eram dos campos mais férteis da Península Ibérica.
Porém, o topónimo Valada parece ser de origem moçárabe, aí remontando as primeiras referências aos seus terrenos úberes e ricos.
Para fazer face às inundações periódicas dos seus campos, os residentes de então defendiam-se das intempéries com "valos" e "a bata". Parece ser desta associação que os árabes - adaptando o nome à sua pronuncia - passam a designar o lugar por Balata.
Logo após a expulsão dos árabes, depois da conquista de Lisboa, D. Afonso Henriques deu Valada aos pobres da região das freguesias de Lisboa. Todavia, com o decurso do tempo, estas terras acabaram por ser usurpadas pelos nobres, no reinado de Sancho II.
Alguns anos mais tarde, em 1301, o rei D. Dinis cede ao Mosteiro de Alcobaça parte do seu reguengo de Valada pela quinta que o mosteiro possuía em Muria (talvez Muge?), exceptuando a igreja e o seu padroado, bem como os terrenos circundantes, que ficavam salvaguardados para a edificação de outras casas.
A importância do rei D. Dinis para o desenvolvimento de Valada é também visível nos melhoramentos realizados, durante o seu reinado, no dique existente para protecção contra as cheias, provocadas pela subida do nível de águas do rio Tejo.
De facto, "as primeiras obras hidráulicas e agrícolas realizaram-se durante o reinado de D. Afonso III, por Frei Martinho, monge de Alcobaça, que iniciou o resgate do paul do Ulmor, no terreno de Leiria, obra esta coroada de êxito e que fez com que até 1304 se viessem a enxugar os extensos pauis que constituem hoje os campos de Salvaterra de Magos, Muge e Valada" (Cartaxo, um concelho em desenvolvimento, Junho de 1982).
No ano de 1331 o rei Afonso IV (entre 1325-1357) aforou o "herdamento de Valada" a João Rodrigues e a sua mulher, contemplando também um reguengo um pouco mais a sul com a condição de que os foreiros aí construíssem um casal e o povoassem.
É provavelmente nesta decisão que se encontra a génese da povoação do Reguengo de Valada.
Também D. Afonso IV costumava vir a Valada passar algumas temporadas, tendo aqui feito um dos seus testamentos, redigido por João Esteves, tabelião público, em 21 de Março de 1349.
Por volta de 1368 parece admissível que Álvaro Pais - o rico burguês que viria a ser um dos organizadores da Revolução de 1383-1385 - aqui tivesse uma herdade. Esta hipótese ganha consistência, anos mais tarde, por uma carta de D. João I, datada de 1388, em que o rei doa ao Dr. João das Regras (cuja mãe, viúva, casara com o também viúvo Álvaro Pais), o reguengo de Valada.
Pelos Paços de Valada passou também o rei de Castela Pedro I, num momento em que se encontrava em dificuldades com o seu meio-irmão Henrique, que lhe disputava - conseguindo-o mais tarde - a Coroa.