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18 | II Série A - Número: 093 | 4 de Abril de 2009

artífices da região que aí trabalharam, não só os mestres canteiros da freguesia de Montelavar — e também das freguesias vizinhas da Terrugem e de São João das Lampas — como outro tipo de mão-de-obra. Também o abastecimento da multidão de operários que trabalhavam nessa obra veio trazer, por certo, uma melhoria de vida aos agricultores da região.
No livro Corografia Portuguesa, de Carvalho da Costa, publicado em 1712, há uma lista bastante interessante da freguesia:

«N. Senhora da Porificação de Montelavar, Curado annexo à Igreja de S. Miguel de Cintra, tem os lugares seguintes. Montelavar, com huma Ermida do Espirito Santo, aonde ha hum Hospital com rendas para agasalhar os pobres; Mourelena com huma Ermida de N. Senhora da Conceyção na quinta de Miguel Rebello, a qual fundou Manoel Gil de Sousa; Outeyro, Pero pinheyro, Pé da Sarra, O Condado, Maceyra, Armis (sic), Arrebãque, Murgalhal, Ribeyra dos Tostões, Ansos, Urmal, Cortegaça, com huma Ermida de N. Senhora da Salvação, & a quinta da Granja com huma ermida de N. Senhora de Nazareth, que fundou Iacome da Costa de Loureyro, & a acabou no anno de 1701. Sebastião de Carvalho, Senhor da dita quinta, com o motivo de apparecer nella a imagem de N. Senhora que alli se conserva obrando prodigiosos milagres.»

Data deste início do século XVIII o Cruzeiro de Montelavar que, ainda hoje, pode ser admirado no largo da sede de freguesia. A inscrição que contém, é esclarecedora sobre quem mandou executá-lo no ano de 1714.
São desta época, finais do século XVIII, algumas obras da freguesia. É disso exemplo o cruzeiro que está em frente da Capela do Espírito Santo e que data de 1774. Também a chamada Fonte da Sigueteira, situada junto aos lapiás da Maceira, ostenta a data de 1788.
A passagem da Estrada Real, que ligava Lisboa a Mafra pelo interior da freguesia de Montelavar, foi estruturante para o desenvolvimento da região. Esta via de comunicação com a capital veio a desenvolver o comércio local, apoiado e sustentado pelos viajantes que circulavam nessa estrada e a dar um forte incremento às localidades da freguesia. Mas a Estrada Real também serviu para se deslocarem as tropas durante a Guerra Civil que colocou o país a ferro e fogo, durante as lutas entre liberais e miguelistas. Há notícia de movimentações e aquartelamentos de regimentos na região, nesse período fatídico da nossa história.
A assinalar os tempos da Guerra Civil, existe um singelo, mas importante, monumento na freguesia de Montelavar: a chamada Cruz da Moça.
Na arquitectura popular subsistem na freguesia de Montelavar alguns exemplares do século XIX que importa registar. São exemplo o Moinho da Costa, datado de 1821. É curioso que, com o desenvolvimento da indústria de extracção e serração do mármore operada neste século, os moinhos — de água e de vento — tenham servido como força motriz para serrar os grandes blocos de pedra. A comprová-lo estava uma inscrição, ainda existente em 1953, que dizia o seguinte;

«Fabrica movida a vento de Serração de Pedra e Moagem, de Joaquim V. Albogas.
Ano de 1898»

Durante o século XIX e inícios do século XX surgem obras de decoração das fachadas das casas saloias da região, peças feitas por canteiros também da região, destacando-se os óculos e os relógios de sol, identificados num estudo de Isabel Maria Mendes Xavier e José Valente Lopes, intitulado «Cantaria grossa ornamentada na subárea saloia da região de mármores de Montelavar — Pêro Pinheiro (Concelho de Sintra)», publicado no livro Etnologia da Região Saloia — A Diversidade do Quotidiano, reunião das comunicações apresentadas ao I Colóquio de Etnografia da Região Saloia em 1993.
Sobre o trabalho da pedra durante os séculos XIX e XX e a relação entre esta região e a capital, dizem estes investigadores:

«Sem a cantaria vinda da região saloia, em especial o mármore lioz, os calcários vermelhos e rosas da sub-região de Montelavar-Pêro Pinheiro e a pedra chanfana, amarela e mole, Lisboa não se teria construído de igual modo, e teria certamente outro aspecto. Por outro lado, sem a capital, a região saloia não conteria