O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 | II Série A - Número: 093 | 4 de Abril de 2009

Foi a introdução de novas culturas, em especial os citrinos, de novas técnicas de lavoura, com novos arados e novos métodos de cultivo, de regadio, como a nora e a picota, de técnicas de moagem de cereal e azeitona, como a azenha, o pisão e o moinho de vento, enfim, de um conjunto de novas tecnologias que fizeram progredir, de forma bastante acentuada, o mundo rural existente.
Civilização culta, deu-nos também a numeração árabe que, ainda hoje, utilizamos, trouxe-nos uma nova perspectiva artística e fez-nos evoluir bastante no plano científico. Bastaria para isso verificarmos os relatos da região sintrense efectuados por vários geógrafos árabes, como são os casos de Edrici, Al Bacr ou Alumini Alhimiari.
Hoje, ainda subsiste muito desta cultura entre nós. Basta analisarmos a toponímia, o linguajar saloio, e boa parte do vocabulário português. Parte integrante da antiga freguesia de Montelavar, antes da separação em 1988, era a povoação de Morelena, grafada em documentos antigos como Mourelena, portanto, terra de mouros.
Em 1154 o primeiro Rei de Portugal dava Carta de Foral a Sintra, constituindo o município e dividindo-o nas freguesias de São Pedro de Canaferrim, São Martinho, Santa Maria e São Miguel. E Montelavar foi, desde a fundação da nacionalidade, integrado na freguesia de Santa Maria, até se tornar freguesia autónoma já no século XVI.
Contudo, a primeira vez que surge o nome de Montelavar em documentos antigos é num «Treslado do limitte, e demarcação das Igrejas da Villa de Cintra», que se reporta a um documento do século XIII, mais propriamente de 1253, e que estabelece a divisão paroquial daquela época. Sem grande surpresa, o topónimo aparece grafado «monte Alavar», forma muito próxima da actual e que terá a sua raiz em «alvo», «alvar», «alvor», afinal monte branco, claro, provavelmente pela qualidade da pedra que predomina na região, o mármore branco.
Para além dos topónimos nele descritos, fica-se a saber, através desse documento que, bem perto de Rebanque — uma das aldeias que serve de limite à antiga paróquia de Santa Maria — existia uma hereditatem Templariorum, ou seja, uma herdade pertencente à Ordem dos Templários. Embora seja facilmente explicável a existência desta propriedade na posse dos Templários, não deixa de ser significativo que ela ficasse, muito provavelmente, dentro dos limites do território que viria a constituir a freguesia de Montelavar.
De facto, cerca de dois anos depois de ter dado foral a Sintra, D. Afonso Henriques entrega a vila à Ordem dos Templários, em 1156, fazendo do seu grão-mestre D. Gualdim Pais, o primeiro comendador de Sintra.
Entre as várias mercês que o Rei fez à Ordem, estavam umas casas na vila, as rendas da judiaria, e no termo de Sintra lhes deu várias courelas, matas, azenhas, etc. Fica-se a saber que, próximo de Rebanque, estava localizada uma propriedade templária, por certo com alguma dimensão e importância.
Durante os séculos XIII e XIV Montelavar e a sua população deve ter progredido bastante, já que estes foram anos de paz e de prosperidade em todo o país. Com uma economia assente, sobretudo, na agricultura, é provável que existissem nesse tempo já algumas oficinas de canteiros e, por certo, alguma extracção de pedra mármore. É bem provável, até, que isso já acontecesse desde o tempo dos romanos.
A peste negra de 1348 veio pôr termo a este ciclo de abundância e prosperidade. Datará desta altura a fundação da Albergaria e Hospital de Montelavar, instituição exemplar de solidariedade social.
Contudo, referente ao século XIV, existe documentação que nos pode auxiliar no conhecimento da história de Montelavar. Em 1342, Domingos Bartolomeu e Catalina Joanes, moradores nas Mastrontas, eram rendeiros do «Cassal de Erdade», pertença do Mosteiro de São Vicente de Fora, e localizado no dito lugar.
Em 1354 Sancha Martins, moradora na vila de Sintra e com capela na Igreja de São Martinho, deixava para sustento dessa capela um casal em Montelavar.
Outro testamento de inegável interesse para a região é o de João Eanes Garcês, de Montelavar, feito em 4 de Abril de 1391, um documento que vem reforçar a convicção de que, em Montelavar, a primitiva igreja era dedicada a Santa Maria e já existia em, pelo menos, 1348. Aliás, basta verificar a documentação existente sobre o Hospital e Albergaria, para se perceber isso mesmo, com a constituição da Confraria de Santa Maria, fundadora e administradora daquela instituição, e formada por confrades leigos em torno da igreja de Montelavar. João Eanes Garcês, no seu testamento, manda que o seu corpo seja enterrado no «cermiterio de santa maria», deixando para tal «a adicta igreia» a verba competente para assim procederem.