O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

19 | II Série A - Número: 093 | 4 de Abril de 2009

espaços e populações especializadas nesse tipo de produção e por via disso apresentaria manualmente menos variedade e riqueza de cantaria.
A região de mármores de Montelavar-Pêro Pinheiro, em virtude da quantidade e melhor qualidade da sua pedra, o lioz e os diversos vermelhos, rosas e amarelos, foi a área que se transformou e especializou na lavra da pedra, sobretudo na segunda metade do século XIX, relegando a actividade agrícola para simples complemento económico.»

De facto, estes elementos decorativos da arquitectura popular saloia estendem-se um pouco por toda a região. No que concerne à freguesia de Montelavar, estes autores identificam vários relógios de sol — em Montelavar, Maceira, Bombacias e Mastrontas —, bem como óculos, elementos utilizados para fornecer luz ao interior das casas, e outros elementos decorativos, cantarias, pias e piais, num verdadeiro mostruário da arte de canteiro tão célebre na região.
Nos finais do século XIX, mais precisamente em 1890, nasce em Montelavar outra instituição que iria marcar, até aos nossos dias, o percurso social e cultural da freguesia — a Sociedade Filarmónica Boa União Montelavarense. Reinava, portanto, D. Carlos I quando nasceu esta agremiação. Diz a tradição, à falta de estudo mais apurado, que terá nascido a partir das manifestações culturais de rua, nomeadamente as típicas cegadas carnavalescas que marcavam essa época festiva por toda a região.
Mas este movimento associativo tem, nesta época, em Montelavar uma forte conotação social. O operariado, já bastante atento aos seus direitos e organizado em sindicatos e grémios, ganhava terreno no panorama político e social de então, cujos ideais eram nitidamente pró republicanos. A Sociedade Filarmónica Boa União Montelavarense terá comportado, na sua génese, essa tradição e esse idealismo dos operários da região.
Quando chegou a República, encontrou nas gentes da freguesia de Montelavar um forte apoio e solidariedade. Aliás, Montelavar terá mesmo festejado o nascimento da República em Portugal um dia antes, a 4 de Outubro de 1910.
A antiga albergaria e hospital de Montelavar: A albergaria de Montelavar foi, durante séculos, uma das mais importantes instituições sociais do concelho de Sintra. A sua acção estendeu-se, pelo menos, por cerca de 600 anos, vocacionada para o apoio aos mais necessitados e para a assistência médica à população, não só da região da freguesia mas, igualmente, a muitas outras pessoas oriundas das freguesias vizinhas, incluindo algumas do actual concelho de Mafra.
A Albergaria de Montelavar funcionava em pleno já no longínquo ano de 1348 e, muito provavelmente, graças ao testamento de dona Quitéria e às rendas vindas daí, progrediu e melhorou os seus préstimos, numa assistência social continuada por vários séculos. Isso o comprova, em certa medida, o «Tombo e medição das propriedades da Albergaria», efectuado, em 1680, pelo provedor da Comarca de Alenquer, à qual o concelho de Sintra pertencia na época.
Oferece-nos, também, este documento, a localização das «cazas do hospital», bem como das «cazas da albergaria» e ainda «a Caza do spirito Santo», todas elas em separado, muito embora unidas em propriedades que partiam umas com as outras. Mas, por outro lado, nada nos diz quanto ao funcionamento da instituição.
Daí para diante, os documentos referentes à albergaria e hospital de Montelavar são escassos e referemse, na sua maior parte, a eleições para a Mesa da Confraria.
Conhece-se uma acta de 1798, mais precisamente de 19 de Março desse ano, onde os confrades se reuniram «em as cazas dos acordos», com o fundamento de «elegerem aos ofisiaes que hande servir no dito Hospital», e assim se procedeu, onde se «emlegerão para Juis Joze Francisco Franco do lugar de Montelavar para procurador Roque Jorge do dito lugar para Provedor Francisco Luis do dito lugar de Montelavar.» Também há nota de eleições em 1829 para os corpos gerentes do hospital, com acta lavrada no dia 1 de Novembro desse ano, onde «em Meza redonda se procedeo a Elleição e nomeação de novos oficiais que hão de servir no mesmo hospital o prezente anno e receber os juros e foros do anno preterito de mil oito centos e vinte oito isto segundo o seu louvavel costume e logo elegerã para Provedor a Manoel Pedrozo e para Juiz a Francisco Luis Caetano ambos de Montelavar e para Procurador o Reverendo Padre Francisco Luis de Pero Pinheiro os quais todos forão aprovados a mais vottos e feita assim a dita Elleição a houverão por boa firme e valioza».