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No médio/longo prazo, podem ser considerados outros fatores de risco. Em primeiro lugar, a possível estagnação da área do euro por um período mais longo do que o previsto, a qual teria efeitos diretos sobre a recuperação da economia portuguesa, nesta altura fortemente sustentada pela procura externa. As políticas orçamentais dos Estados Unidos e do Japão podem também comportar alguns riscos. Ainda que ambos tenham condições de financiarem os seus défices e dívidas e haja uma aversão ao risco que sustenta a procura por títulos de ambos os países, pequenas alterações no prémio de risco, ou mesmo na taxa de juro podem ter um efeito considerável na economia mundial. Em terceiro lugar, há riscos decorrentes do facto de as taxas de juro estarem muito próximas de zero, nomeadamente os de alavancagem financeira, ou aumento do crédito de risco. Finalmente, as perspetivas de crescimento dos países emergentes têm sido sucessivamente revistas em baixa, o que revela alguns problemas estruturais que podem levar a um abrandamento da economia mundial.

I.3.3.Análise de Riscos do Cenário Macroeconómico

I.3.3.1. Principais Riscos Internacionais com Impacto na Economia Portuguesa

Em termos internacionais, os principais riscos relevantes para a economia portuguesa estão associados à intensificação da crise da dívida soberana na área do euro e à elevada incerteza quanto à sua resolução. Para além do efeito via expectativas dos agentes económicos, poderá ainda considerar-se um cenário de taxas de juro de curto prazo mais elevadas do que as definidas pelas hipóteses externas.

A possibilidade de subida do preço das matérias-primas, nomeadamente do petróleo (associado, por exemplo, ao agravamento de tensões geopolíticas no Médio Oriente) e dos produtos alimentares, constitui igualmente um fator de risco acrescido tendo em conta o seu impacto sobre a taxa de inflação e, consequentemente, sobre o rendimento disponível real das famílias.

É também de referir o risco de sobreavaliação da recuperação da procura externa relevante, nomeadamente da dinâmica das economias fora da área do euro, com implicações na atividade económica interna.

Consideraram-se, individualmente, três tipos de choques exógenos, face ao cenário base: um aumento de 20% no preço do petróleo, uma trajetória de taxa de juro de curto prazo mais elevada em 1 p.p. e uma diminuição da procura externa em 1 p.p..

No primeiro caso, a simulação revela uma quebra mais acentuada do PIB real no ano do choque. Adicionalmente, assiste-se a uma variação em alta dos preços no consumidor, face ao cenário base, dado o impacto inflacionário do aumento do preço do petróleo. Esta subida também tem um impacto significativo no deflator das importações e, por essa via, implica uma redução do PIB nominal (face ao cenário base). Tendo em conta o peso das importações de combustíveis no défice da balança de bens, esta aceleração do preço dos bens energéticos importados traduz-se num impacto negativo no saldo da balança corrente.

No que se refere ao impacto na taxa de desemprego, este será reduzido devido aos efeitos desfasados da atividade económica no emprego e não considerando implicações adicionais sobre as condições financeiras da economia2.

2 Nesse caso, a deterioração dos saldos correntes implicaria uma perceção mais elevada ao risco ao financiamento à economia portuguesa levando a reduzir o crédito concedido às empresas e, por essa via, poderia aumentar a taxa de desemprego.

II SÉRIE-A — NÚMERO 125_______________________________________________________________________________________________________________

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