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74 | II Série A - Número: 102 | 24 de Abril de 2014

No Concelho de Odivelas, a Freguesia de Caneças tem a sua identidade própria e o seu próprio enquadramento histórico, económico, social e cultural.
Reúne características geográficas, históricas, patrimoniais e culturais que nenhuma outra freguesia do Concelho de Odivelas detém.
Caneças, comporta uma das melhores manchas verdes da região, cuja proteção é incompatível com o aumento desmesurado do parque habitacional que se verifica na freguesia com a agregação à da Ramada.
Tem uma história rica de tradições, usos e costumes. São símbolos únicos da Freguesia de Caneças, as lavadeiras, os aguadeiros e os viveiristas de frutas e plantas. No seu património histórico e arquitetónico destacam-se as Quintas, as Fontes, as Antas e o poço do Aqueduto das Águas Livres.

II – Razões de Ordem histórica

Quanto à evolução administrativa, a povoação existe desde 1719. A Freguesia de Caneças, foi criada no dia 10 de setembro de 1915, por desanexação de Freguesia de Santa Maria de Loures, foi elevada à categoria de Vila em 16 de agosto de 1991.
Em 2013, por força da Reforma administrativa do Poder Local, esta freguesia foi extinta, e conjuntamente com a Freguesia da Ramada, criou-se a nova freguesia, designada por União das Freguesias da Ramada e Caneças.
Segundo alguns autores, a povoação de Caneças foi fundada pelos árabes. O topónimo deriva da palavra Caniça que significa templo dos cristãos. A lenda popular, no entanto, é outra. Diz o povo que na passagem de D. Dinis, pela povoação, alguém lhe ofereceu água numa caneca, e daí a perpetuação do nome.
O povoamento da freguesia está registado através de diversas provas documentais dos mais longínquos povos. Os Dolmens de Pedras Grandes e Batalhas, monumentos funerários de grandes dimensões, atestam à fixação do homem nestas terras desde o período megalítico.
Integram a história da freguesia, de forma importante, as inúmeras fontes que povoam o seu território. A qualidade e abundância das suas águas, levou à sua comercialização em bilhas de barro, muito famosas e procuradas até finais dos anos 60, em Lisboa.
Quando se fala em Caneças, é inevitável referir a vida rural e a cultura saloia que ainda hoje está representada na paisagem bucólica, nas fontes e na gastronomia, e integrada no desenvolvimento global do Concelho como um bastião de memória e evolução.
Caneças tornou-se conhecida pela beleza natural dos seus espaços, pela pureza do seu ar e pela frescura das suas águas, qualidades estas que transformaram Caneças num local de veraneio e cura, e que contribuíram, em tempos, para o florescimento de três atividades económicas, a dos aguadeiros, a das lavadeiras, e a dos viveiristas.
Graças à relação que as gentes de Caneças estabeleceram com a capital, veio esta terra a ser local preferido, pela classe média de Lisboa, para veranear.
Os canecenses prestavam serviços aos lisboetas, vendiam-lhes as hortaliças e os frutos, a "criação", o queijo, o leite e a água, "boa para curar anemias e indisposições de estômago e intestinos".
Até meados do século XIX, Lisboa era uma cidade suja, afetada por numerosas epidemias. Os cidadãos ricos pagavam aos Aguadeiros, entre os quais os de Caneças, para lhes levarem água a casa. Caneças e as suas águas eram, então, muito apreciadas pela sua qualidade.
Lisboa era o grande mercado para a água de Caneças, o que motivou o aparecimento das fontes - Fontainhas, Castanheiros, Piçarras, Passarinhos, Castelo de Vide, Fonte Velha, Fonte Santa e Fonte do Ouro, que comercializaram água e que constituem um marco de uma época e de modos de vida caraterísticos da freguesia, e em sentido mais lato do concelho. A venda da água de Caneças fazia-se através de carroças ou galeras, que transportavam para Lisboa e arredores a água em bilhas de barro, juntamente com as trouxas de roupa das lavadeiras e produtos hortícolas.
Em terras de Caneças se exploraram nascentes cujas águas foram conduzidas até à Mãe de Água Nova, em Carenque e, daí, até Lisboa, pelo Aqueduto das Águas Livres.
A noroeste da povoação, as mães de água indicam os locais de captação e as condutas mostram o caminho que a água percorria, até ao seu destino.

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