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15 DE ABRIL DE 2016 69

Neste sentido, seguem igualmente as recomendações constantes do Relatório “Portugal — Doenças

Oncológicas em números — 2013” da Direcção-Geral da Saúde, do qual consta que o investimento na

realização de rastreios de base populacional deve constituir uma prioridade, sendo de realçar a

necessidade de continuar a avaliar os impactos do rastreio do cancro da mama feminina e implementar um

sistema eficaz e consequente de rastreio ao cancro colo-rectal.

De igual modo, o Relatório “Portugal — Doenças Oncológicas em números — 2015” da Direcção-Geral da

Saúde, considera que o cancro colo-rectal é uma prioridade indesmentível, pelo aumento crescente e pela

situação relativa do país, sendo ainda incipientes os rastreios no terreno.

Assim, é necessário implementar no nosso país um plano de rastreio eficaz que permita uma deteção

antecipada da doença, antes do aparecimento de sintomas, de modo a permitir com maior probabilidade

a recuperação do doente.

Contudo, não basta apenas a implementação de um plano de rastreio. Os Relatórios acima indicados e os

estudos realizados sobre esta matéria até à data apontam, com clareza, para a necessidade de prevenção,

considerando que só apostando nesta é que é possível modificar o atual panorama.

São conhecidos fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver este tipo de cancro. Entre

eles, encontram-se fatores como a obesidade, baixa atividade física e uma dieta rica em gorduras e pobre em

fibras.

Os estudos realizados sobre esta matéria apontam para que uma dieta pobre em fibras vegetais, rica em

gorduras ou hipercalórica tenha consequências significativas para o aparecimento de cancro colo-rectal.

Ana Miranda, diretora do Registo Oncológico Regional do Sul (ROR-Sul), defende que "as mudanças no

cancro têm de ter décadas para se notarem e a subida no cólon, quase igual para homens e mulheres, é devida

às alterações na alimentação, sobretudo nos grandes centros urbanos".

Conforme mencionado no recente manual “Alimentação vegetariana em idade escolar”, publicado pela

Direção-Geral da Saúde em abril de 2016, um padrão alimentar à base de produtos de origem vegetal, como

uma dieta vegetariana, é naturalmente rico em fibra, devido ao seu elevado conteúdo em hortícolas, fruta,

cereais e leguminosas, pelo que da mesma resultam vários benefícios, como a diminuição do risco de diabetes,

doença cardiovascular, cancro e doença diverticular.

De igual modo, de acordo com o manual “Linhas de Orientação para uma alimentação vegetariana saudável”,

de julho de 2015, da Direcção-Geral da Saúde, as populações com consumos elevados ou exclusivos de

produtos de origem vegetal parecem ter menor probabilidade de contraírem doenças crónicas, como

doença cardiovascular, certos tipos de cancro, diabetes e obesidade.

Um estudo, publicado no Journal of the American College of Nutrition, recomenda, em termos gerais, a

adoção de uma dieta de base vegetal (vegetais, frutos, cereais integrais e leguminosas) por estar associada a

um risco inferior de cancro assim como de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.

Ora, atualmente, a alimentação adotada pelos portugueses afasta-se bastante do recomendado.

De acordo com o Relatório “A Saúde dos Portugueses — Perspetiva 2015” elaborado pela Direcção-Geral

da Saúde, a globalidade dos portugueses estão a perder anualmente cerca de 141 mil anos de vida saudável

apenas por terem maus hábitos alimentares. As estimativas apontam para que os hábitos alimentares

inadequados sejam o fator de risco com mais peso nos anos de vida saudável que se perdem, com um

valor que ascende a 19,2%. A percentagem ultrapassa o peso atingido pela hipertensão arterial ou até mesmo

consumo de tabaco e de álcool, o que leva a Direcção-Geral de Saúde a concluir que comprovadamente a

alimentação influencia o estado de saúde.

Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2010 intitulado “Dieta portuguesa afasta-

se das boas práticas nutricionais”, pinta um cenário negro da alimentação em Portugal. Este estudo,

estabelecendo uma comparação entre os hábitos alimentares do novo século com os da década de 90, conclui

que a “dieta portuguesa tem-se vindo progressivamente a afastar dos princípios da variedade, equilíbrio e

moderação.” A análise adianta que a carne de suíno continua a liderar a tabela nacional do consumo de carnes,

representando 38% desse total. O mesmo estudo do INE adianta que 51% da população portuguesa tem

excesso de peso.

A ciência tem demonstrado que uma alimentação pouco equilibrada e diversificada acarreta, diretamente,

consequências nefastas para a saúde, contribuído para uma diminuição do nível de vida das pessoas, bem

como da esperança média de vida.