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19 DE ABRIL DE 2017 135

Note-se como, além de os valores previstos serem muito inferiores aquilo a que o Governo se comprometeu

nos planos apresentados o ano passado e no cenário macroeconómico do PS, a distância é muito grande face

a países parecidos connosco noutras dimensões, como a Espanha ou a Irlanda. Mas uma conclusão ressalta

com clareza: a Espanha e a Irlanda destacam-se pela positiva na sua trajetória, excedendo, não frustrando como

o caso português, as expectativas. Este resultado é tão mais surpreendente se tivermos em conta os resultados

do crescimento económico (3,2% e 5,2%, respetivamente) e a redução significativa das suas dívidas públicas

(99% e 75% do PIB, no caso da Irlanda). As reformas foram a receita adequada para que as suas economias

pudessem vencer as dificuldades. As experiências espanhola e irlandesa comprovam que a implantação

rigorosa, exigente e ambiciosa de um plano de reformas estrutural contribui supinamente para um quadro

económico sustentável e promissor.

1.2 Uma oportunidade perdida

Quando consideramos a evolução do crescimento da economia (que em 2016 foi menor do que em 2015),

das exportações, do investimento e do endividamento público, são o retrocesso, a vulnerabilidade e a debilidade

que dominam o cenário.

Não pode deixar-se de notar que, enquanto esta realidade está a acontecer, o PS deixa-se enredar numa

teia de chavões e lugares-comuns, que não significam mais do que imobilismo e paralisia reformista, demitindo-

se de apresentar uma resposta estrutural, endémica e ambiciosa aos principais desafios acima enunciados, e

arriscando, com isso, maiores dificuldades no acesso, ou mesmo o encerramento total e duradouro, das fontes

de financiamento da economia e das empresas portuguesas.

Uma vez mais, o Governo desperdiça um ciclo económico mais positivo para corrigir os desequilíbrios

financeiros e as deficiências estruturais da nossa economia, ignorando as recomendações da Comissão

Europeia e os alertas do Banco Central Europeu para adotar um plano de reformas ambicioso e sustentável.

É evidente que a recuperação sustentável do país se dá com a transformação estrutural da nossa economia.

Só assim é possível criar as condições necessárias para atrair e criar riqueza para o nosso país, em vez de a

deixar fugir para outros países.

A súbita travagem do Governo para dar seguimento ao caminho reformista iniciado pelo anterior Governo

afasta-nos daqueles exemplos, que são reveladores de que a receita, por via da implementação de reformas

estruturais e da aposta num modelo de crescimento aberto, competitivo e moderno, resulta. A equação de base

não pode deixar de ser essa.