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16 DE DEZEMBRO DE 2017

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As maiores preocupações centram-se em importantes culturas regionais, como o olival e os castanheiros,

que existem essencialmente em sequeiro e estão agora a concluir os seus ciclos de produção. No caso do olival,

em várias plantações são evidentes os sinais de stress hídrico das plantas, nas quais para além da queda dos

frutos, também já são visíveis folhas a secarem e caírem. As azeitonas que permanecem nos ramos apresentam-

se por vezes “mirradas”.

As novas plantações exigem uma atenção especial, pois são mais suscetíveis de serem afetadas por baixos

teores de humidade no solo. Verificam-se situações em que as plantas secaram completamente. Alguns

agricultores fazem o transporte de água em cisternas e tambores, de maneira a efetuar regas paliativas nas

plantações novas, nem sempre resolvendo o problema.

No Centro, o impacto mais relevante da seca prende-se com a produção futura nas vinhas novas. O mesmo

é válido para novos pomares, em especial, castanheiros, e oliveiras.

O problema mais premente coloca-se ao nível do abeberamento do gado:

No Norte a falta de água em poços e nascentes tem dificultado o abeberamento dos animais, obrigando os

agricultores e outras entidades (bombeiros e o poder local), a proceder ao seu transporte para junto dos efetivos

pecuários, com aumento significativo nos custos de produção.

No Centro, a falta de água nos reservatórios tende a generalizar-se, obrigando muitos produtores a recorrer

a cisternas para levar a água junto dos animais. As situações mais graves verificam-se no interior, onde a

utilização da água da rede para abeberamento do efetivo começa a ser prática corrente;

Também no Alentejo, este quadro prolongado de escassez de água para abeberamento tem conduzido a um

considerável acréscimo de custos nestas explorações, ao qual se associam dificuldades no maneio dos efetivos

pecuários. A preocupação dos produtores pecuários é crescente, dada a continuidade do cenário de elevadas

temperaturas e ausência total de precipitação, com a consequente descapitalização dos mesmos face aos

custos extraordinários com alimentos adquiridos no exterior e com o abeberamento, à data da publicação do

relatório que citamos.

Os produtores de mel têm sido confrontados, em muitos casos, com quebras elevadas de produção,

necessidade de alimentar artificialmente os enxames durante largos períodos e, por vezes, de transportar água

até junto dos apiários.

No Centro, a atividade apícola tem sido fortemente afetada pela situação de seca. Ao impacto da seca juntam-

se os efeitos catastróficos dos incêndios florestais e ainda os estragos nos enxames provocados pela vespa

asiática. Estes fatores, conjugados com as deficitárias condições de alimentação dos enxames na região centro

impõem uma quebra significativa na produção de mel em valores acima dos 35%, aumento significativo dos

encargos com a alimentação das colónias e uma anormal taxa de mortalidade de enxames.

No Alentejo, a “ausência de Primavera” provocou escassez de alimento disponível para as abelhas, e

conduziu à necessidade de os apicultores recorrerem a suplementação com alimento artificial. A subida das

temperaturas e a ausência de chuva na Primavera provocou uma redução de atividade das abelhas, resultando

numa quebra de produção entre 70 e 80%, na zona de planície (soagem), enquanto na zona de serra

(rosmaninho) essa quebra se situa entre 30 e 40%. A mortalidade dos enxames também registou acréscimos

significativos. A qualidade do mel obtido é inferior devido á redução ou não existência de flora apropriada para

a produção de mel de qualidade, nomeadamente o rosmaninho.

Segundo o 5.º relatório do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o número de

eventos extremos, na forma de ondas de calor, secas, grandes precipitações e inundações serão mais

frequentes e mais intensos no final do século XXI.

Segundo este relatório, o aquecimento global resultante de emissões de gases com efeitos de estufa, entre

o período pré-industrial e o final do século XXI, pode significar para o melhor cenário (RCP2.6) um aumento

entre 0,3ºC e 1,7ºC e para o pior cenário (RCP 8.5) um aumento entre 2,6ºC e 4,8ºC da temperatura global

média à superfície da terra, havendo uma grande variabilidade em função das latitudes e das especificidades

de cada região.

Os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas agrários far-se-ão sentir nomeadamente numa

redução da produtividade agrícola, aumento do risco de destruição de biodiversidade, aumento dos problemas

fitossanitários e alteração dos ciclos culturais e vegetativos das espécies cultivadas.

Prevê-se um aumento da frequência e intensidade dos eventos extremos e de escassez de água e erosão

dos solos.